Logo em seu ano de estreia, a revolucionária KTM 350 SX-F faturou o título de campeã mundial na principal categoria do motocross, a MX-1. O italiano Antonio Cairoli venceu a etapa brasileira do campeonato, realizada no último final de semana em Campo Grande (MS), e mostrou que capacidade cúbica não é tudo. Lançada no Salão de Motos de Milão 2009 como uma inovação da fábrica austríaca, a 350 SX-F de Cairoli venceu 13 das 26 baterias disputadas neste ano, deixando as concorrentes de 450cc para trás.
O mérito pelo título conquistado por antecipação – ainda faltam duas etapas para o fim da temporada – vai sem dúvida para a nova moto de 350cc, desenvolvida pelo chefe da equipe KTM, Stefan Everts, o belga 10 vezes campeão mundial de motocross. Mas também para o piloto italiano de 24 anos. Apesar de contar com o azar de Clement Desalle, seu rival direto pelo título, que teve problemas mecânicos na última volta, Antonio Cairoli chega a seu quarto título mundial – o segundo consecutivo na categoria MX1.
Pronta para correr
Levando seu slogan “Ready to Race” (pronta para correr) ao extremo, a KTM e Everts desenvolveram a nova moto especificamente para disputar a categoria MX1 – para motos 2 tempos de 250 cc ou motos 4 tempos de até 450cc. Escolheram a capacidade cúbica que pudesse garantir uma entrega amigável de potência e torque sem perder muito em desempenho para as motos maiores. Tudo feito dentro do regulamento do campeonato mundial de motocross, nascia a KTM 350 SX-F.
Segundo a fábrica austríaca, ao assumir como diretor de competições da marca o multicampeão Stefan Everts já enxergava o futuro do motocross: desempenho eficiente em uma moto com menor capacidade cúbica feita para atender às necessidades do piloto. Lançada como protótipo em Milão, a 350 SX-F já iniciou 2010 vitoriosa: venceu o Starcross de Mantova na pré-temporada e foi colecionando vitórias no mundial.
O enorme sucesso da ágil e leve 350cc fez com que a KTM anunciasse a comercialização da 350 SX-F em sua linha 2011. Equipado com um motor de um cilindro, 349,7 cm³ de capacidade, duplo comando de válvulas (DOHC) e alimentado por injeção eletrônica, o novo modelo mostrou a coragem da fábrica austríaca ao apostar em uma concepção técnica totalmente diferente de outras marcas: as japonesas Honda e Yamaha mostraram novas motos em 2010, porém ainda com 450cc.
Com chassi de cromomolibedênio e motor compacto, a 350 SX-F é três quilos mais leve que a KTM de 450cc. Mas o mais importante é que aparenta ser mais fácil de pilotar que suas irmãs maiores. O que pode indicar uma tendência nas pistas de terra: motores menores e motos mais ágeis.
Bastou ver o desempenho de Antonio Cairoli e sua KTM na segunda bateria da etapa brasileira para ter certeza disso. Único piloto com a nova 350cc, o italiano sofreu uma queda e caiu para o quarto lugar. Fez uma corrida incrível de recuperação, assumiu a segunda colocação e, a uma volta do final, contou com a sorte para ficar com o título. Clement Desalle, seu rival direto que liderava, teve problemas elétricos em sua Suzuki e abandonou. Como não pontuou, Cairoli e a nova SX-350F garantiram o título por antecipação.
“Nós tínhamos um objetivo muito difícil, que era tornar uma moto estreante em campeã do mundo. Conseguimos alcançá-lo graças à excelente equipe e à perfeita tecnologia do modelo”, explicou Cairoli ao final da prova.
Siciliano bom de bola
Além da excepcional KTM 350 SX-F e de contar com a sorte, Antonio Cairoli merece grande parte dos méritos pela conquista. O siciliano de 24 anos, de jeito franzino e discreto, está escrevendo seu nome ao lado de grandes ídolos do motocross. Sua vitória em Campo Grande (MS) foi a 13ª em 26 baterias disputadas – neste ano só ficou fora do pódio em uma etapa. Seu bicampeonato da MX1, em 2009 ele venceu com uma Yamaha de 450cc, é o quarto título mundial na carreria.
Aos 19 anos tornou-se o italiano mais jovem a faturar o campeonato mundial de motocross - na MX2 em 2005. Feito que repetiu em 2007. Naquele ano, como agora, venceu por antecipação e ainda participou de uma etapa da categoria MX1 e surpreendeu a todos ao vencer como piloto convidado.
Assim como surpreendeu os sul-matogrossenses com suas habilidades para jogar futebol. Em um jogo de confraternização, Cairoli fez jogadas de efeito e até um gol de letra, mostrando que os italianos tetracampeões também são bons de bola. Porque ao guidão da KTM 350 SX-F, Cairoli não precisa provar mais nada.
* O jornalista viajou a convite da Honda.