Em 1972, Giacomo Agostini conquistava seu sétimo título mundial na categoria 500 cc da motovelocidade ao comando de uma MV Agusta. Desde então, nenhuma outra dupla - motocicleta e piloto italianos - sagrou-se campeã mundial na principal categoria do motociclismo. Porém esse tabu pode ser quebrado nas duas próximas temporadas. Ao menos é isso que espera a Ducati ao assinar um contrato de dois anos com o ídolo Valentino Rossi.
A sonhada parceria entre Rossi, o bambino d’oro dos italianos, e a lendária fábrica de Borgo Panigale finalmente se confirmou no último final de semana em Brno, na República Checa. Depois de muitos boatos e anúncios prematuros, a Ducati confirmou o sonho de todo tiffosi (fanático, em italiano): Valentino Rossi, depois de sete anos na Yamaha, vai pilotar a moto da marca italiana nas temporadas 2011 e 2012.
Para entender o que isto significa, é preciso entender que a motovelocidade significa para os italianos mais do que a Formula 1 significou para os brasileiros nos tempos de Ayrton Senna. Afinal, o país da bota é fanático por esportes a motor e ainda mais por motocicletas. A Ducati é praticamente uma instituição italiana e Rossi, mais que um ídolo. Quase um Pelé sobre duas rodas para os torcedores italianos.
Currículo invejável
A expectativa de que a parceria pode quebrar o tabu de 38 anos sem uma vitória de um piloto italiano com uma moto italiana tem sua justificativa no vitorioso currículo de Valentino. Aos 31 anos, o piloto de Urbino tem uma carreira impressionante: são nove títulos mundiais, 104 vitórias em Grandes Prêmios, 59 pole-positions e 83 voltas mais rápidas em 14 anos no Campeonato Mundial de Motovelocidade.
Rossi só não supera a lenda Giacomo Agostini em número de títulos mundiais e em vitórias – Agostini venceu 15 campeonatos e cruzou a linha de chegada em primeiro em 122 GPs. Em resumo, Rossi tem todas as credenciais para realizar o sonho do torcedor mais fanático. Resta saber se a Ducati, que até hoje venceu apenas um campeonato mundial na categoria principal, a atual MotoGP, em 2007 nas mãos de Casey Stoner, vai oferecer ao italiano uma moto italiana a sua altura.
Talvez essa não seja a principal preocupação da Ducati, afinal quando Rossi chegou à Yamaha em 2004 a YZR M1 não passava de uma moto mediana entre tantas outras no grid, como ele frisou em sua carta de despedida, de próprio punho à imprensa. “Agora, depois de tê-la ajudado a crescer e melhorar, vejo o sorriso em seu rosto nos boxes, sendo cortejada e admirada, tratada como a melhor da categoria”, afirmou o piloto referindo-se à M1.
Talvez a Ducati só tenha de se preocupar em escolher um lugar para a estátua de Rossi. Afinal, como brinca um conhecido, que é jornalista italiano especializado em motos: “Se Valentino conquistar um título com a Ducati, mandam fazer uma estátua dele em praça pública”.