No belo domingo de inverno, céu azul e sem nuvens no céu, o Pateo do Collegio, centro histórico de São Paulo, se transformou em um verdadeiro museu a céu aberto. Lá, no berço da capital paulista, cerca de 400 motos clássicas (originais e restauradas) das mais diversas décadas e origens podiam ser admiradas pelos amantes do motociclismo. Segundo a organização, o evento atraiu um público de 12 mil pessoas. Com uma perfeita integração entre turismo e paixão pelo mundo das duas rodas, o 7º Encontro MotoeCia Classic já faz parte do calendário oficial de eventos da cidade e integra o programa cultural “Vem Domingo pro Pateo”, que reúne diversas atividades no “coração” da cidade de São Paulo.
Um dos destaques do evento de motos clássicas, que aconteceu em 4 de julho, foi uma FN de quatro cilindrados, de 498 cm³ de capacidade cúbica, duas marchas, que gera “incríveis” 5 cv de potência máxima. O modelo, que mais parece uma bicicleta motorizada, foi fabricada na Bélgica em 1913. A moto foi trazida ao encontro por Robson Silvestre Pauli, proprietário do Museu Duas Rodas, que fica em Visconde de Mauá (MG). Segundo o colecionador, “a moto é uma raridade no Brasil, já que a marca não existe mais”.
Um das motos mais bonitas do encontro foi uma HRD Vincent Comet, de 500 cc, de 1951. A impecável inglesa, que pertence ao acervo de André Biaggi, demorou um ano para ser totalmente restaurada. Hoje, a coleção de Biaggi tem mais de 120 motos, na sua grande maioria de origem européia. “Cada moto tem sua história, suas características e peculiaridades. O processo de restauração é um grande quebra-cabeça”, resume Biaggi, concluindo que o mais difícil na restauração da Vincent 500 foi conseguir peças de “perfumaria”.
Há vários outros modelos de destaque como um exemplar da Ural, moto de fabricação russa. Equipada com motor Boxer, similar ao utilizado pela BMW, o que chama a atenção são o amortecedor traseiro sem quadro elástico e banco do garupa com mola.
Outras marcas também estiveram presentes, entre elas: AJS, Douglas, Norton, BMW, Mondial, Moto Guzzi, Ducati, além de modelos nipônicos: Honda (linha Four e Monkey), Yamaha (TX 650 e XT 500) e Kawasaki, com destaque para a H-2.
Havia também vários modelos Harley-Davidson, entre eles, uma do período pós-guerra com side-car. O encontro exibiu ainda o charme das Vespas, Lambrettas e até da Caloi Mobilete da década de 70.
Além das motos clássicas, o 7º Encontro MotoeCia Classic contou com uma ação da MTE Thomson, que media o nível de emissões poluentes das motos. A empresa ressaltava a importância da manutenção preventiva, como campanha educativa para donos de motos.
O evento anual, considerado o maior do gênero no Brasil, também pode ser visto como uma grande reunião de velhos e bons amigos. Nesta edição foi fácil identificar expositores trocando informações técnicas sobre os modelos e até fazendo negócios. “Este é o grande ‘barato’ do encontro: trocar experiências e disseminar esta paixão. Colecionar motos clássicas é um vício e um aprendizado constante”, explica Antonio Carlos Lopes, organizador do evento, dizendo que a intenção também é a de resgatar a história de “marcas mortas”, que não mais habitam no mercado de duas rodas. “Além disso, esta é uma iniciativa de revitalização do centro velho de São Paulo”, finaliza.