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Confira um vídeo especial que fizemos com uma Ford F-100 1959

30/04/2010 - 11:10 - Fotos e texto: Mário Salgado

Aqui em nossa região, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, o sonho da maioria dos jovens entre 20 e 30 anos é ter uma picape. Mas isso não é de agora. Desde as décadas de 50 e 60, as caminhonetes, como são mais conhecidas, carregam uma legião de fãs. Um exemplo disso é o modelo que você vai conhecer aqui nessa reportagem especial. Uma Ford F-100 1959, com um toque de modernidade.

Um pouco de história

Poucos carros nacionais ocupam tão pouco espaço na literatura - e na memória dos brasileiros - quanto a picape Ford F-100. Uma injustiça praticada contra um dos pioneiros feitos no país. Seu registro de nascimento data de outubro de 1957, dois meses depois de o primeiro caminhão, um F-600, ter inaugurado a linha de produção da fábrica localizada no bairro do Ipiranga, em São Paulo.

Ela era basicamente o mesmo veículo que foi fabricado nos Estados Unidos desde 1953 - a que mais se aproxima da nossa é a 1956. O motor, importado no primeiro ano, só viria a ser produzido no ano seguinte. A fábrica não escondia o orgulho de produzir o V8 por aqui.

Tanto que o modelo 1959, que ilustra nossa reportagem, ganhou, além de pára-brisa envolvente, com área 20% maior, e novo painel de instrumentos, emblemas nas cores verde e amarelo com a inscrição "brasileiro".

De volta para o futuro

Mas falando da "nossa" F-100, a picape teve algumas modificações para deixa-la mais atualizada. O modelo recebeu direção hidraúlica mais moderna (do Opala da GM) e a alavanca de câmbio desceu da coluna de direção e ganhou também uma nova caixa de marchas. Por falar em coluna de direção, ela ganhou regulagem de altura, o que ajuda muito já que em 1959 espaço interno era algo não muito preocupante e até para mim, que não sou muito alto, as pernas ficam apertadas. Ainda falando da parte mecânica, a F-100 agora tem freios à disco nas 4 rodas, que são de 19´´, calçadas em pneus de perfil esportivo.

Para poder acomodar as rodas maiores os para-lamas traseiros foram alargados, juntamente com os estribos laterais. A suspensão traseira também foi modificada e teve os feixes de molas substituidos por molas do tipo espiral e amortecedores mais modernos. Com isso, ela ficou mais macia e ao mesmo tempo mais firme no chão.

V8 pulsa forte

A agilidade proporcionada pelo motor de oito cilindros de 4,5 litros faz com que a picape da Ford deixe muito carro para trás. Ao sair pela primeira vez com ela, quis ver do que ela era capaz e ví que a F-100 não de brincadeira. Mesmo com os pneus muito largos, ela deixou um belo risco no asfalto, algo que já serviu para chamar a atenção de muita gente em frente a V8 Veículos, onde ela está à venda. Isso sem falar no belo ronco das duas saídas de escape nas laterais, logo abaixo das janelas.

Interior requintado

Na época do seu lançamento, na década de 50, o interior do carro era algo não muito valorizado. Bastava ter um belo banco com muitas molas para deixa-la bem confortável. O modelo que testamos teve muitas alterações nesse quesito.

O banco inteiriço é o traseira da Chevrolet Zafira, com descanço de braço no meio e que acomada muito bem três pessoas, contando com o motorista. Falando em banco, o mesmo recebeu uma bela forração de couro bege, e marron claro com um bordado V8 bem no meio.

O volante foi trocado por um cromado, com o aro revestido em couro, que deu um toque ainda mais invocado para a picape.

As portas também receberam forração de couro e receberam vidros e travam elétricas, que ainda respondem ao toque do chaveiro do alarme para fechamento total automaticamente.

Só uma voltinha?

O bom da profissão de jornalista especializado em automóveis é ter a oportunidade de andar nos mais recentes lançamentos das montadoras. Mas eu não vou negar que tenho uma enorme queda pelos carros antigos. Ao entrar na F-100 e dar a partida, o ronco do V8 é simplesmente emocionante. Saber que o carro tem mais de 50 anos e ainda chama muita atenção por onde passa é algo inexplicável.

A primeira parada, logicamente, foi o posto de combustível. Lá, a picape já leva R$50,00 só para podermos dar uma simples volta e poder fazer as imagens para nossa reportagem. Ao sair do posto, mais um susto com a força da F-100. Com o trânsito corrido da Avenida Afonso Pena em um sábado ensolarado, fui quase que "obrigado" a mostrar a força da "amarelona". E ela me provou mais uma vez que pode deixar muito carro pequeno para trás e fazer 2 belos riscos de pneu no asfalto.

Agora, o mais prazeroso é colocar a última marcha e andar a uns 60 km/h ouvindo o ronco forte do motor. A todo momento encostavam do lado carros com crianças, e até muitos marmanjos, querendo tirar fotos com celulares.

Com as modificações na mecânica, ela ficou mais gostosa de dirigir e mais confiável. Com os pneus largos e suspensão rebaixada, ela faz curvas como um carro moderno, logicamente sem pisar fundo no acelerador, já que ela não tem controle de estabilidade e sai facilmente de traseira.

Com o novo conjunto de freios nas 4 rodas, parar não é o problema. Bastava um leve toque no pedal para que ela abaixasse a cara e mostrasse que não estava para brincadeira.

O andar macio é algo que chama a atenção. Mesmo com seus 51 anos, a picape deixou uma ótima impressão e me fez ter o seguinte pensamento: "que injustiça ter que dar só uma voltinha nessa máquina".

Saiba mais*

Por ter uma potência extraordinária para a época, 1950, a picape era muito bem vista por motoristas que tinham pressa ao transportar produtos perecíveis tais como verduras e peixes no trajeto São Paulo-Rio de Janeiro e São Paulo-Santos, numa época em que não era comum se ver um baú frigorífico.

O desempenho era um de seus atrativos, embora, em termos de confiabilidade e economia, a rival Chevrolet Brasil, com motor 4.2 de seis cilindros, levasse a melhor sobre o V8 272, pomposamente chamado de Power King.

A hoje cultuada caçamba step-side - mais estreita, com os pára-lamas salientes, que acompanhou as primeiras fornadas da F-100 - nem sempre fez todo esse sucesso. Muitos dos compradores chegaram a se livrar do equipamento original em troca de maior área oferecida pelas carrocerias de madeira, semelhantes às dos caminhões. Diante das evidências, a fábrica passou a oferecer a opção da picape sem caçamba. O freguês também podia optar pelas versões perua e furgão. Já no modelo 1961 a picape recebeu a caçamba Styleside. Mais larga, acompanhava a linha da cabine, incorporando os pára-lamas.

A estratégia de marketing adotada pela Ford nos primórdios do utilitário era bastante objetiva. Nos anúncios eram exaltadas a robustez da família de caminhões da marca e a ampla rede autorizada, com 300 concessionários espalhados pelo país. Esses argumentos tinham como alvo compradores que precisavam transportar cargas leves e que podiam optar entre a Chevrolet Brasil, a Kombi e a Willys. Esta última era mais voltada ao mercado rural e tinha opção de tração nas quatro rodas. Os hábitos mudavam rapidamente e as picapes começavam a ser usadas também para passeio. Diante das evidências, em 1965 a Ford lançou a F-100 em duas versões: a Passeio, com suspensão mais macia, era destinada ao lazer, enquanto a Rancheiro pegava no pesado. A essa altura a rival da Chevrolet era a C-10, sucessora da antiga Brasil.

Poucos aprimoramentos técnicos ganharam tanta notoriedade quanto a suspensão dianteira independente Twin-I-Beam, introduzida na F-100 em 1968, que também recebeu nova frente. Com molas helicoidais, ela aposentava o eixo rígido com molas semi-elípticas e proporcionava maior conforto e melhor dirigibilidade. A crise do petróleo forçou a Ford a oferecer uma versão da F-100 com motor de quatro cilindros. Com 120 cavalos, era o mesmo que equipava o Maverick, um curinga que foi também usado no Jeep, na Rural e na F-75, todos sobreviventes da antiga Willys.

O início da era diesel da picape data do fim de 1979. O utilitário é promovido a F-1000 - ganhou capacidade para 1 tonelada, freios a disco na frente e opção de direção hidráulica. Era o início de uma nova fase na história das picapes Ford.

*Informações da revista 4 Rodas

Agradecimento: V8 Veículos

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