Entre a sopa de letrinhas que envolve os equipamentos dos automóveis, uma sigla é muito falada mas poucos sabem como funciona: é o ABS. Em bom português, a tradução para a sigla é Sistema de AntiBloqueio de Frenagem. Esse “acessório” não deixa que as rodas do carro travem durante uma frenagem brusca. Mas o grande problema para sua popularização aqui no Brasil é o alto custo para instalação. Apenas 13% dos carros fabricados no Brasil em 2006 saíram com o equipamento instalado. A média mundial é de 75%.
Pensando em mudar isso, a Bosch inaugurou em Campinas a sua linha de produção do sistema ABS 8, de última geração. Para nacionalizar a produção, a marca investiu cerca de R$ 25 milhões. A decisão de investimento foi tomada no ano passado, tendo em vista o potencial aumento da taxa de aplicação do ABS nos veículos produzidos no Mercosul. “O objetivo da Bosch é produzir tecnologias que tragam melhorias para a vida das pessoas e o investimento na nacionalização do ABS no Brasil, vem ao encontro do trabalho intensivo que a empresa realiza para tornar as tecnologias de segurança ativa mais acessíveis e, deste modo, aumentar ainda mais a segurança do motorista”, comenta Edgar Silva Garbade, presidente da Robert Bosch América Latina.
Durante o evento de lançamento do equipamento nacional, uma discussão surgiu: o que é preciso para popularizar o ABS no Brasil. Hoje, as montadoras só disponibilizam o equipamento em seu modelos topo-de-linha e junto com uma série de outros acessórios, como som com MP3, ar-condicionado, entre outros. Uma outra grande preocupação é se o motorista brasileiro sabe usar o ABS. Na pista de testes da Bosch, pudemos verificar a importância do sistema e a diferença para o sistema comum. O grande susto são as trepidações sentidas no pedal do freio durante uma parada brusca. “Essa trepidação no pedal é o equipamento entrando em ação para não deixar que as rodas travem e você perca o controle do carro”, nos disse o instrutor.
ABS – como ele funciona
O esquema de funcionamento básico da primeira geração do ABS permanece inalterado até hoje. Cada uma das quatro rodas tem um sensor, que mede a velocidade rotacional da roda e envia esta informação para a unidade de comando. Com base nestes dados, as válvulas solenóides no módulo hidráulico abrem ou fecham os circuitos de freio para cada uma das rodas.
Uma bomba de retorno garante a presença de fluído de freio suficiente entre o pedal de freio e o módulo hidráulico, mesmo quando as intervenções do ABS exijam um tempo considerável. Se uma roda estiver a ponto de travar, o sistema reduz a pressão hidráulica apenas naquela roda, até que a ameaça de bloqueio seja eliminada. Quando a roda girar livremente de novo a pressão do freio é aumentada novamente. Este aumento e liberação de pressão continuam até que o motorista reduza a força aplicada no pedal do freio ou até que a tendência ao bloqueio seja superada – o que significa o aumento da aderência ao solo, por exemplo. O trabalho das bombas de retorno é percebido como uma sensação de pulsação no pedal do freio.