Nos dias de hoje, não basta só ter tamanho e um ronco bonito para uma moto chamar a atenção por onde passe. As montadoras lutam para lançar novidades que atraiam cada vez mais admiradores. Mas ao ver a Buell Lightning CityX XB9SX – esse é mesmo o nome dela – qualquer novidade cai por terra. O nome complicado e pomposo e o exotismo das formas podem assustar o piloto de primeira viagem. Porém, o verdadeiro cartão de visitas da americana Buell Lightning CityX XB9SX, ou simplesmente City Cross, é sua tecnologia, com soluções mecânicas ousadas, além de incríveis dimensões compactas. O modelo que testamos aqui, foi comprada em outubro de 2006, e é de propriedade de Vander Lisboa, um aposentado de 61 anos que pilota motos há quase 50. Clique ao lado e veja uma reportagem especial que fizemos com essa máquina.
Confira também uma galeria de fotos especial dessa máquina
Detalhes da Fera!
Com motor dois cilindros em V, de 984cm³ de cilindrada, pesa apenas 177kg a seco e tem distância entre-eixos de 1.320mm, menor do que a da prosaica CG 150 Titan, com 1.323mm. Dessa forma, mostra-se uma devoradora de curvas, extremamente ágil e bastante divertida de pilotar.
Essa característica rendeu ao modelo o título de streetfighter, ou guerreira urbana, já que é capaz de driblar o trânsito e proporcionar boas arrancadas, como um minidragster de cinco marchas, transmissão por correia, que dispensa manutenção e painel analógico de fundo branco. Tudo perfeito, se não fosse pelo pequeno ângulo de esterçamento do guidão, que limita drasticamente sua performance nos engarrafamentos do dia-a-dia. Melhor mesmo ficar nas estradas, sem competir com os motoboys.
O garfo da suspensão dianteira tem apenas 21 graus de inclinação. Fica quase em pé, proporcionando logo de cara a sensação de que a moto é arisca e está pronta para aceitar estripulias nas curvas. Em longas retas, porém, a posição de pilotagem bastante ereta e a falta de proteção aerodinâmica cobram o preço. Para ajudar na tarefa de dobrar as curvas com a competência de uma moto menor, o quadro também tem uma concepção inédita e criativa, que ajuda a reduzir dimensões e rebaixar o centro de gravidade.
As largas traves laterais, em alumínio, além de aumentar a rigidez do conjunto, têm função extra (confira a última foto). Abrigam o tanque de combustível de 14,5 litros, além do reservatório de óleo na balança. O falso tanque, por sua vez, abriga o filtro de ar e tem capa transparente como nos modelos tunados. O quadro conta com sistema especial antivibrações, batizado de Uniplanar, que mesmo assim não consegue absorver tudo, passando para o piloto boa parte das vigorosas trepidações do motor. Especialmente em baixos giros ou parada, pois, em altas rotações, quase não se nota.
As suspensões contribuem para a esportividade. Na dianteira, uma Showa invertida de 43mm de diâmetro e 120mm de curso regulável. Na traseira, um único amortecedor , também Showa, com 127mm, que pode ser regulado manualmente sem complicação. No visual, faróis redondos com capa transparente tuning, protetores de mão nos punhos, como nas motos fora-de-estrada e um engenhoso escape, que fica sob o motor, como um limpa-trilhos, que, além de silencioso, sopra no pé esquerdo, quando o piloto pára.
O freio dianteiro também inova. No lugar do disco tradicional, o sistema ZTL (zero torsion load), uma espécie de fita fixada nas bordas do aro, com 375mm, que evita torções nas brecadas e dispensa os discos duplos e pinças com vários pistãos. Transmite bastante segurança ao piloto. O motor, batizado de Thunderstorm, tem injeção eletrônica e refrigeração a ar, fornecendo 92cv a 7.500rpm, e é uma cria Harley-Davidson, preparado por Erik Buell, fundador da marca.