A Abraciclo – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – comemorou o Dia do Motociclista, celebrado em 27 de julho, organizando a 10ª Edição do MotoCheck-Up, na capital paulista. O evento durou três dias, 27, 28 e 29 de julho, e tem como objetivo principal oferecer uma avaliação gratuita de 13 itens na motocicleta, entre eles os freios, o sistema de iluminação, as suspensões e os pneus. Uma verificação rápida e visual de itens de fundamental importância para se guiar uma motocicleta com segurança.
“Essa ação não tem caráter fiscalizador, mas sim educativo. Queremos com isso fazer um retrato das condições da frota de motocicletas”, declarou Carlos Weiss, gerente da Abraciclo. Os dados colhidos nas nove edições anteriores, porém, não são motivo de comemoração e traçam um triste retrato das motocicletas. Segundo a Abraciclo, 50% das mais de 12 mil motos avaliadas apresentavam algum tipo de defeito. “A grande maioria que passa por aqui é motociclista profissional que não tem tempo para cuidar de sua moto”, afirmou Weiss.
Mais alarmante ainda é o fato de que 5.941 motocicletas, ou seja, 49% apresentaram falhas no freio traseiro, provável conseqüência do uso inadequado. Logo em seguida, aparecem os defeitos na relação secundária – corrente, coroa e pinhão. Os principais problemas no sistema eram falta de lubrificação e folga excessiva, sendo que esta última pode fazer com que a corrente se solta e cause um acidente. Em terceiro lugar, aparece o freio dianteiro, o mais importante nos veículos de duas rodas.
“Este problema ocorre principalmente por falta de conhecimento dos condutores. Na frenagem deve-se usar 60% o freio dianteiro e 40% o freio traseiro, de forma progressiva; quanto maior a velocidade, maior deverá ser o percentual de uso do freio dianteiro em relação ao traseiro. O mau uso leva ao desgaste desproporcional”, explica Paulo Takeuchi, presidente da Abraciclo.
Sem tempo, nem dinheiro
A Honda CG 150 do motoboy Adilson Cesar Ferreira foi uma das 711 motocicletas verificadas em 27 de julho, primeiro dia da 10ª edição do Moto Check-up. O freio dianteiro estava desgastado e fora do nível de regulagem. Advertido pelo mecânico, Adilson confessou: “fiz a última manutenção em fevereiro. Trabalho o dia inteiro e não tenho tempo de parar a moto”.
O segundo passo era a verificação do capacete feita pelo IPEM, Instituto de Pesos e Medidas. “O capacete também não vai passar”, adiantou Adilson. O Instituto apenas verificava a existência do selo do Inmetro e das faixas reflexivas exigidas na lei.
O motofretista Alecsandro Fernandes de Sousa também encontrou na falta de tempo uma desculpa para não cuidar da sua moto. “Durante o dia, trabalho em um banco. À noite entrego pizza”, revelou ele que trabalha pilotando motos há 13 anos.
Sua motocicleta, uma Honda CG 125 apresentou problemas na lanterna traseira e também no freio dianteiro. “Se eu arrumar a moto, não pago o aluguel”, lamentou. Para piorar, seu capacete não tinha o selo do Inmetro.
Participação recorde
A 10ª edição do Moto Check-up teve participação recorde: nos três dias do evento 2.655 motocicletas passaram pela inspeção. “O evento vem crescendo a cada edição. Começamos em maio de 2008 e já quadruplicamos as participações”, afirmou Moacyr Alberto Paes, diretor executivo da Abraciclo.
Com base nos dados colhidos, a associação pretende dirigir as campanhas educativas. “Como percebemos que metade das motos tinha problema nos freios, estamos exibindo um vídeo sobre frenagem para os participantes”, completou Carlos Weiss, gerente da associação.
Além da verificação da motocicleta e dos capacetes, os motociclistas assistiam a um vídeo educativo, recebiam orientações sobre a inspeção veicular na cidade de São Paulo e levavam brindes, como um litro de óleo. O Moto Check-up contou com o apoio da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e da Secretaria de Transportes do município de São Paulo, além do Sindimoto-SP, Sindicato dos Motociclistas Profissionais.