Há 40 anos, a Ford lançava o Shelby GT500KR. O KR significava “King of the Road”, ou rei da estrada. A sigla não era pretensiosa, pelo contrário: com um motor de 4298 polegadas cúbicas, ou 7.013 cm³, o carro tinha mais de 400 cv. Com o renascimento do Mustang, que na última geração ganhou um desenho à altura de seu nome, a empresa não quis deixar o sucesso passar e trouxe de volta à vida este mito. A releitura do clássico é ainda mais interessante que o modelo original.
O motor diminuiu de tamanho: agora é um 5,4 litros. Isso poderia decepcionar os fãs, mas com a ajuda de um compressor mecânico, o novo V8 gera pouco mais de 100 cv por L, ou mais exatamente 547 cv. É bem mais do que o a do modelo original, com a vantagem de uma construção moderna e de uma carroceria mais segura.
A responsável pelo novo motor foi a SVT, divisão de preparação da marca. Além do compressor mecânico, o GT500KR teve também outras mudanças no motor, como a revisão do sistema de ignição e a calibração das borboletas, para torná-las mais ágeis, e a adoção de um novo intercooler.
A transmissão, como as montadoras norte-americanas aprenderam, tem de ser traseira, em carros de alto desempenho. O câmbio, de seis marchas, é um Tremec TR6060 e acompanha o diferencial mais curto.
Como não basta que o motor seja forte, a suspensão acompanha a performance e foi ajustada especialmente para o novo carro. Ele tem torres, molas, amortecedores e barras estabilizadoras próprias. Mais rígida que a do GT500, a suspensão se mantém, segundo a Ford, macia o suficiente para o uso no dia-a-dia.
A exclusividade será garantida por placas de metal instaladas no painel e assinadas por Carrol Shelby, numerando os exemplares do novo modelo comemorativo. As chances de que este Mustang se torne item de colecionador são altíssimas.
O modelo original, que tinha capô de plástico reforçado com fibra de vidro, enquanto o novo utiliza fibra de carbono, vendeu 1.570 unidades em 1968, sendo 1.053 fechados e 517 conversíveis. Como o novo “King of the Road” não terá versão conversível, as mil unidades têm explicação histórica. E devem ter a mesma importância na história da marca norte-americana.