A moto flex foi anunciada como a grande vedete do Congresso SAE Brasil em 2007. A AME Amazonas fez o maior alarde e até apresentou um protótipo de moto custom de 300 cm³, cujo lançamento vem sendo postergado. Porém, com toda sua sabedoria oriental, a Honda mais uma vez sai na frente da concorrência e exibe a Honda CG 150 Titan Mix. É a primeira moto do mundo que roda tanto com álcool como com gasolina. Outro detalhe importante é que o novo modelo Honda terá repercussão internacional, além de divulgar a eficiência e a consciência ecológica do uso do etanol. Além disso, a CG Mix traz um moderno motor injetado com sistema que permite o uso simultâneo dos dois tipos de combustíveis. Se compararmos o preço entre a versão movida exclusivamente a gasolina, com a CG Mix, o consumidor vai desembolsar R$ 300,00 a mais pela novidade. O modelo de entrada, a KS (partida a pedal e freio a tambor), tem preço de R$ 6.340,00, sugerido pela montadora.
Segundo Paulo Takeuchi, diretor de relações internacionais da Honda, a nova versão da CG 150 vai de encontro com a política mundial da empresa, que assumiu um compromisso de fabricar produtos cada vez mais ecológicos. “A partir da CG 150 Mix teremos um cenário favorável para uma nova geração de motocicletas, que vai atender a questão ligada a preservação da natureza”, afirmou o executivo da Honda dizendo que, com certeza, a CG Mix vai alavancar a apresentação de outros modelos Honda com a mesma tecnologia. “Mas tudo vai depender da receptividade e da repercussão do mercado”, afirma Takeuchi.
Desafio
O grande desafio do projeto foi otimizar a partida à frio, já que há uma maior dificuldade na vaporização do álcool em baixas temperaturas. Além de faltar espaço em uma moto para instalar subtanque, bomba, injetor e sensores, comuns nos carro flex. Então, a solução encontrada pela Honda foi substituir algumas peças na linha de passagem de combustível e recomendar o abastecimento com, pelo menos, três litros de gasolina “misturados” ao álcool. Daí o nome “mix”. Produto pensado exclusivamente ao mercado brasileiro, a Honda CG 150 Mix começou a ser desenvolvida em 2006. Foi um pedido da subsidiária brasileira para a matriz no Japão.
Em comparação a CG 150 Titan a gasolina, a Mix ganhou várias mudanças técnicas para rodar com álcool. Novo sensor de oxigênio, que oferece uma leitura mais eficiente da quantidade de oxigênio, resultante da combustão. Além disso, identifica o combustível que está sendo queimado. O ECM (Engine Control Module. Traduzindo: módulo de controle do motor) conta com quatro programas de funcionamento (moto abastecida só com gasolina, gasolina e álcool na mesma proporção, tanque contendo maior quantidade de álcool e tanque abastecido apenas com álcool).
Já o bico injetor com oito furos permite maior vazão, enquanto o filtro de combustível secundário tem maior capacidade de retenção de sujeiras e evita o entupimento precoce da bomba. O gerador foi adequado para atender ao maior esforço provocado pela partida a frio. O tratamento interno do tanque e o potenciômetro do marcador de combustível foram alterados para funcionamento com álcool. A bomba de combustível – com dois filtros – ganhou um tratamento interno para suportar a ação corrosiva do álcool.
Para evitar a propagação de fogo de fora para dentro do tanque, o bocal interno do tanque agora com tela antichamas, igual às utilizadas nos carros flex.
Para Alfredo Guedes, engenheiro mecânico e representante do departamento de relações públicas da Honda, a nova CG 150 Mix oferece a liberdade de escolha ao motociclista, além de atender as rígidas normas da terceira fase do Promot (Programa de Controle de Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares). ”A moto movida a álcool tem um comportamento mais vigoroso e oferece uma maior potência, com menor autonomia. Com a mudança, a CG Mix está mais street e utilitária. Ou seja, em perfeita sintonia com sua proposta”, conta o engenheiro da Honda.
Motor limpo
A CG 150 Titan Mix emite menos gases poluentes se comparada ao uso somente de gasolina. Com relação ao desempenho, a utilização da gasolina permite um funcionamento mais linear e progressivo do motor (injetado). Já o álcool favorece um comportamento mais vigoroso e ligeiramente mais potente, alega a Honda. Enquanto a motocicleta desenvolve 1,32 kgf.m de torque a 6.500 rpm e 14,2 cv de potência a 8.500 rpm quando abastecida com gasolina. Estes valores sobem para 1,45 kgf.m e 14,3 cv, respectivamente, quando utilizado o álcool.
Porém o consumo com o álcool é 30% maior se comparado com a CG 150 que roda exclusivamente com gasolina. Então vamos aos números: Uma CG 150 Titan pode rodar cerca de 640 Km com um tanque (16 litros x 40 Km/l). Já com a CG 150 Mix, o motociclista rodará cerca de 450 Km com um tanque de álcool.
Para encher o tanque da CG 150 com gasolina, o motociclista gastará cerca de R$ 40,00. Já com álcool, R$ 25,00. Economia, na bomba de 40%. Mas tudo isso, ainda no papel e dependendo dos preços do combustível onde reside o motociclista. Apenas um teste de consumo no dia-a-dia poderá determinar se e quanto o motociclista pode economizar com a nova CG Mix.
No painel
Com o objetivo de auxiliar o usuário quanto à partida a frio, a CG 150 Titan Mix tem um mecanismo de alerta por lâmpadas em seu painel de instrumentos (de fundo verde). Há duas luzes: “MIX” e “ALC”. Quando ambas estiverem apagadas, significa que a partida é possível em qualquer temperatura. Se a luz "MIX" estiver acesa, o usuário deve abastecer sua motocicleta com um mínimo de dois litros de gasolina. Caso a lâmpada "ALC" esteja acesa, é preciso adicionar pelo menos três litros de gasolina.
Se, ao ligar a chave de ignição, a lâmpada "ALC" piscar, significa que a temperatura ambiente é baixa e que o teor de álcool no tanque é alto – o que pode dificultar a partida. Já em caso de pane seca, é necessário que o usuário abasteça a motocicleta com, no mínimo, 50% de gasolina para que o sistema volte a funcionar adequadamente o mais rápido possível.
Para José Luis Terwak, gerente do departamento de novos produtos Honda, a Mix vem atender a um velho anseio dos motociclistas, ou seja, uma moto movida à álcool. “Além disso, a nova CG é um produto exclusivo para o consumidor brasileiro. Mesmo sendo um modelo popular, a CG Mix oferece o que há de mais moderno em termos de tecnologia embarcada”, afirma o engenheiro da montadora.
Preço
Na Mix, motorização, desenho e ciclística são os mesmos da versão tradicional. Disponível nas cores preta, vermelha, prata metálica e azul metálica, a CG 150 Titan Mix chega às concessionárias de todo o Brasil no final deste mês, em três versões: KS, com partida a pedal; ES, com partida elétrica; e ESD, com partida elétrica e freio dianteiro a disco. O preço público sugerido será de R$ 6.340,00 (KS), R$ 6.890,00 (ES) e R$ 7.290,00 (ESD). O modelo tem um ano de garantia, sem limite de quilometragem. Para este ano, a expectativa da Honda é vender 164 mil unidades da CG Mix.
* O jornalista viajou a Manaus à convite da Honda