Quase um ano depois do seu lançamento oficial no Brasil, o novo Toyota Corolla ainda é uma novidade para muitas pessoas. Prova disso é a quantia de emails e comentários em nosso portal para que fizessemos um teste e a reportagem em vídeo sobre o carro.
O tradicional Corolla chegou à sua 10ª geração. O sedã da Toyota, que desde 2002 não passava por mudanças visuais, recebeu uma plástica completa, incluindo uma plataforma re-projetada, mais larga e comprida, novo interior e mudanças mecânicas. Maior, o Corolla brasileiro aproveitou o desenho já concebido para a Europa e os Estados Unidos, diferenciando-se em imperceptíveis detalhes externos e acabamentos internos.
O Corolla mudou, mas não muito. Tanto que você não precisa se sentir incomodado, caso ainda venha a confundi-lo, de relance, com a geração antiga. A dianteira recebeu as maiores modificações, com frente mais alta e marcante e faróis que avançam pelas laterais, com lentes pronunciadas, criando um interessante relevo frontal, seguindo a mesma linha de estilo vista no sedã Camry. Nas laterais, a Toyota adotou uma linha de cintura mais elevada e a coluna A, do pára-brisa, foi deslocada para frente.
A traseira é o que mais lembra o antigo modelo, com lanternas invadindo a tampa do porta-malas e elementos circulares. Um ar "antigo" é mantido devido à cor laranja ainda presente nas lanternas. No geral, os designers mantiveram o DNA da antiga geração bem presente e reforçaram pontos chave. Parece que o Corolla acabou de sair de uma academia.
A plataforma também mudou. Não é exatamente um projeto 100% novo como buscou dizer a Toyota, pois se trata sim, da antiga plataforma, mas com uma série de alterações. A parte traseira ganhou assoalho plano, igual ao já visto em seu concorrente Civic, o que pediu a troca do tipo de metal usado na estrutura, para reforçar o conjunto, agora sem o túnel central.
Outra alteração foi nas medidas: ganhou 5,5 cm na largura e 1 cm no comprimento, melhorando o conforto interno, embora tenha mantido o entreeixos de 2.60 m, 10 cm menor que o visto no Civic. Os bancos ganharam novos pontos de fixação, e os dianteiros foram deslocados para trás, em 2 cm, e o traseiro, em 1,5 cm.
Com essa "nova" plataforma, o porta-malas cresceu 35 litros, indo para 470 litros de capacidade. Internamente, o Corolla ganhou um acabamento mais jovial que o da geração anterior, embora o material não ostente a mesma qualidade. Há plástico em excesso nas laterais de porta e painel, mas com bom acabamento e encaixe. A versão SE-G tem nível superior.
Todos os Corolla saem de série com ar-condicionado, direção com assistência elétrica, vidros, travas e retrovisores elétricos, regulagem de altura e profundidade do volante, dentre outros equipamentos, ou seja, bem completos. Andamos na versão XEi a intermediária, automática e com bancos de couro.
Essa versão conta com rodas de liga leve de 16" (a XLi têm rodas de 15", de ferro, com calotas), interior com acabamento cinza, ar-condicionado digital, banco traseiro bipartido e com descansa braço central, computador de bordo (a grande falta do concorrente Civic), painel de instrumentos com iluminação especial, rádio com MP3 integrado, dentre outros. No quesito segurança, quatro airbags - dois frontais e dois de cortina, laterais - e freios à disco nas quatro rodas com ABS e EBD.
O carro ainda tem sensores de estacionamento na dianteira e traseira e ficou muito requintado com um acabamento em couro nos bancos e detalhes que imitam madeira nas portas e no console central.
Durante o nosso teste de 7 dias com o modelo oferecido pela montadora, foi possível notar algumas mudanças substanciais no carro. Mantendo o bom conforto já presente na geração anterior, os engenheiros da Toyota priorizaram a melhora das respostas ao volante com a adoção de direção elétrica progressiva, recalibragem de todo o conjunto de suspensão e aumento da bitola dianteira e traseira.
O resultado é um Corolla mais disposto, animado, bom de curva. A tendência acentuada de saída de frente, vista na geração anterior, é trocada por uma dianteira que "aponta" para a curva, de uma forma até atrevida para um sedã. Não chega a ser esportiva, mas permite um ótimo aproveitamento do conjunto. O volante menor e com três raios auxilia na tocada mais temperamental.
A Toyota optou por utilizar pneus com menor resistência de rolagem e mais silenciosos, enquanto a suspensão ganhou uma calibragem específica para manter o bom conforto, sem abrir mão de uma melhor performance. Ele ficou 1,5 cm mais alto que o modelo europeu, porém está 0,5 cm mais baixo em relação ao antigo.
O motor 1.8 16V VVTi passou por mudanças. Ele perdeu 4 cavalos na gasolina – 136 cv no álcool e 132 cv na gasolina – devido à colocação de um segundo catalisador, para atender às normas de emissões de 2009. Mas, com a eliminação do "peso" de uma direção hidráulica – o sistema elétrico não rouba energia do motor –, a adoção de uma central eletrônica de 32 bits, com o dobro da capacidade de processamento da anterior, e acelerador eletrônico, o desempenho ficou superior.
O câmbio de quatro marchas – sim, quatro marchas em 2008 – ficou mais leve e recebeu melhorias significativas. Ganhou um sistema chamado Super ECT (Controle Eletrônico da Transmissão, sua tradução) que busca otimizar a troca das marchas, trabalhando em conjunto com a ECU do motor. A forma de engate dele melhorou bastante. Ao invés de travas entre as "letras e números" foi usado o sistema de labirinto, para selecionar as posições do câmbio.
Isso permite um acionamento suave da alavanca e até aproveitar melhor as posições L, 2 e 3, em ultrapassagens ou curvas, já que a troca fica parecida até com a de um câmbio comum.
A Toyota ocupa hoje o segundo lugar na venda de sedãs médios e o Corolla fica quase sempre entre os 10 carros mais vendidos do país, num disputa geral com Vw Gol, Fiat Mille, GM Celta e por aí vai.
Preços
Aqui em Mato Grosso do Sul, o Corolla começa em R$ 61 mil, na versão XLi, com câmbio mecânico e chega até os R$ 85 mil na versão testada, SE-G, que tem todos os opcionais possíveis para o modelo.