Em outubro, foram emplacadas apenas 150.100 motocicletas – uma queda de 18,58% em relação ao mês de setembro, quando foram vendidas 184.368 unidades, segundo dados divulgados pela Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição dos Veículos Automotores.
Em geral o setor de veículos – autos, comerciais leves, ônibus e motos - registrou retração de 13,81 %, ou seja, o setor de motos teve o pior desempenho. A principal causa da queda tão brusca é a dificuldade em se conseguir crédito, apontam os especialistas. O que prejudica em cheio o mercado de duas rodas, já que o financiamento respondeu por 40% das vendas em 2006, de acordo com dados da Abraciclo (Associação dos fabricantes do setor).
“A aprovação do crédito não está acontecendo”, declarou Sérgio Reze, presidente da Fenabrave. Porém, Reze acredita que a crise é “menos” pior do que parece. “O barulho da explosão foi maior do que os estragos causados por ela”, afirmou ao se referir à crise mundial do sistema financeiro.
O presidente da Fenabrave também aponta outra saída para o mercado de motos: “o consórcio é uma ferramenta que pode ajudar o setor de motos a reagir. Antigamente essa modalidade sustentava a indústria de duas rodas”. Só para se ter uma idéia, em 2000, 58% das vendas de motocicletas foram feitas por meio do consórcio, segundo números da Abraciclo. Em 2006 esse percentual caiu para 36%.
Apesar da queda de quase 20% na veda de veículos de duas rodas, Reze afirmou estar otimista e não vê motivos para pânico. “Novembro não será pior que outubro”. Parte de seu otimismo vem das vendas acumuladas. O setor de motos registra um crescimento de 19,86 % em 2008.
Entre janeiro e outubro deste ano foram emplacadas 1.657.962 contra apenas 1.383.259 no mesmo período de 2007. Além disso, o crescimento acumulado ainda está acima da projeção que a Fenabrave fez para o setor em 2008. Segundo números divulgados no início do ano, a projeção de crescimento do setor de motos era de 18,50%.
Férias ou Paralisação
Entretanto as montadoras estão mais cautelosas que os distribuidores. Em função da crise, que atingiu seu ápice no início de outubro, Honda e Yamaha paralisaram parcialmente a produção de motos de baixa cilindrada durante dez dias no final do mês passado – entre 20 e 30 de outubro.
Procurada pela Agência INFOMOTO, a líder de mercado, Honda, não se pronunciou oficialmente sobre os motivos da paralisação. A assessoria de imprensa da empresa afirmou que não se tratou de férias coletivas, mas sim de uma paralisação parcial. Duas linhas de montagem de até 150 cc ficaram inoperantes. Como resultado, a Honda deixou de produzir 40.000 motos no período.
Já a Yamaha enviou um comunicado oficial admitindo as férias coletivas de 55% dos 4.289 funcionários de Manaus por dez dias. “O recesso, breve e parcial, se dá em meio à crise de confiança que tomou o Sistema Financeiro em âmbito mundial, cujos reflexos já são notados em nosso mercado de atuação. O primeiro sinal mais evidente foi a elevação de restrições à concessão de linhas de crédito direto ao consumidor, por parte de Bancos e Financeiras.”
A Yamaha ainda anunciou que produziu apenas 24.000 das 42.000 unidades previstas para o mês de outubro. A Yamaha Motor da Amazônia também paralisou duas linhas de montagem de motos de baixa cilindrada. Contudo, Honda e Yamaha já retomaram a produção normalmente.