Tecnologia de corrida, baixo peso, veloz e seguro. Poderia ser a descrição de qualquer modelo atual da McLaren, mas trata-se do modelo M6GT de 1969. Concebido por Bruce McLaren, o fundador da marca, o M6GT foi a gênese da atual linha McLaren de carros esportivos de rua.
O McLaren M6GT foi criado para disputar o Campeonato Mundial de Marcas, equivalente ao atual Campeonato Mundial de Endurance (WEC). Na década de 1960, ele tinha importância tão grande quanto a Fórmula 1. Fundada em 1964, a McLaren estreou dois anos depois na Fórmula 1 e na Can-Am (disputada somente na América do Norte, mas de grande importância e com repercussão internacional).
Em 1967, a McLaren iniciou uma fase de domínio na Can-Am com o modelo M6, um biposto de cockpit aberto equipado com motor Chevrolet V8 de 5,9 litros. O chassi do M6 foi a base do M6GT, o carro que a McLaren pretendia inscrever no Campeonato Mundial de Marcas de 1969. No M6GT, a carroceria era do tipo cupê fechado. O motor seria o mesmo da Can-Am, mas Bruce McLaren havia vencido as 24 Horas de Le Mans de 1966 com um Ford GT40 e quis deixar aberta a possibilidade de instalar o motor Ford de 7 litros no M6GT. O plano era vender cerca de 250 unidades do M6GT por ano, cabendo aos compradores escolher e instalar o motor de sua preferência.
No segundo semestre de 1968, o M6GT estava quase pronto. Foi quando a FIA anunciou mudanças no regulamento técnico do Mundial de Marcas: os esporte-protótipos passariam a ter motores com no máximo 3 litros. Quem tivesse motores acima dessa cilindrada precisaria construir no mínimo 25 carros completos para receber homologação. A McLaren poderia fabricar essa quantidade de M6GT, mas sem dotá-los de motor. O projeto de disputar o Mundial de Marcas com o M6GT foi arquivado, mas quatro carros já haviam sido construídos. E Bruce adaptou um deles, de cor vermelha, para uso em vias públicas, apresentando-o no começo de 1969.
Por fora, o McLaren M6GT de rua era praticamente igual ao carro previsto para as pistas. O motor Chevrolet V8, com 5,7 litros, desenvolvia cerca de 370 HP e permitia acelerar de zero a 100 km/h em estimados 4,2 segundos, com velocidade máxima acima de 265 km/h. Bruce usou-o normalmente durante vários meses e o M6GT impressionava pelo estilo, pelo barulho do motor e pelo desempenho.
Animado, Bruce McLaren passou a ter como objetivo transformar o M6GT no carro de rua com aceleração mais rápida do mundo e produzir então as 250 unidades previstas inicialmente. O acidente que o no dia 2 de junho de 1970 (durante um teste de um McLaren Can-Am no circuito de Goodwood, na Inglaterra) levou os novos donos da McLaren, Teddy Mayer e Phil Kerr, a focar nas corridas, com grande sucesso. O segundo carro esporte da marca seria lançado somente na década de 1990, quando a empresa já havia passado para o controle de Ron Dennis e Mansour Ojjeh: o McLaren F1.