O piloto se depara com uma emergência e aciona o freio da sua moto. Em instantes um sistema auxiliar de frenagem entra em ação. Se a motocicleta tiver motor maior do que 300 cc, o sistema é o antitravamento (ABS), enquanto nas motos menores pode ser o sistema de freios combinados, que distribui a força de frenagem entre as rodas. A lei, que entrou em vigor neste ano, exige que todas as motos fabricadas a partir de 2019 tenham freios mais seguros. O objetivo é reduzir o número de acidentes com motocicletas.
A Honda batizou seu sistema de freios combinados de CBS, da sigla, em inglês, Combined Braking System. Já a Yamaha adotou a nomenclatura UBS, de Unified Braking System (sistema de freios unificados). Mas, no fundo o propósito é o mesmo. A questão é que muitos motociclistas nem sabem que seu veículo de duas rodas vem equipado com um sistema de freio auxiliar.
A assistente Larissa Dela Moura, 22 anos, que recentemente comprou um Honda Elite 125 para ir ao trabalho e depois para a faculdade em Atibaia (SP), admite não conhecer o sistema. “Eu não conhecia o CBS e não sei como funciona” afirmou a estudante recém-habilitada.
Para os motociclistas iniciantes que têm menos experiência o sistema de freios combinados ajuda a parar a moto com mais segurança. Um aparato mecânico ou hidráulico (via cabos ou mangueiras) distribui a força de frenagem entre as duas rodas. Sempre que o piloto acionar o freio traseiro, o sistema também aciona o freio dianteiro, sem a interferência do piloto. O resultado é uma frenagem em menor espaço e com maior controle quando comparada a frenagem exclusivamente com a roda traseira.
ABS exige experiência
Já o freio ABS, sigla de Anti-lock Braking System (sistema de freios antitravamento), é mais sofisticado. O sistema é capaz de interpretar se há ou não o risco de a roda travar durante uma frenagem mais forte. Para isso há sensores que monitoram os movimentos das duas rodas por meio de pequenos discos instalados junto ao cubo. Se o sensor perceber que existe a possibilidade de travamento, o sistema alivia a pressão no cilindro. Isso impede uma derrapagem e permite maior controle da moto em uma situação de emergência.
Apesar de mais avançado e tecnológico, o sistema ABS exige que o piloto use corretamente os dois freios ao mesmo tempo e saiba dosar a pressão entre o freio da frente e o de trás. “Se o piloto usar apenas o freio traseiro, o ABS permitirá que a moto percorra uma distância maior até a parada total, aumentando o risco de acidentes”, afirma o engenheiro Alfredo Guedes Jr, assessor técnico da Honda.
O erro de usar apenas o freio traseiro, comum entre os motociclistas menos experientes, é fruto de uma formação deficiente durante o processo de habilitação. Segundo Alfredo, “no processo de habilitação, o aluno é orientado a usar apenas o freio traseiro”.
Infelizmente, os números comprovam que o equívoco na formação se mantém mesmo após o processo de habilitação. A associação dos fabricantes da indústria de duas rodas (Abraciclo) promove em todo o Brasil um check-up onde analisa – por amostragem – os problemas mecânicos das motos que rodam em nossas ruas. Em quase 50 mil motos analisadas, a maioria apresentava desgaste maior no freio traseiro (30%, contra 25% do freio dianteiro). Isso comprava que o motociclista brasileiro não usa os freios da forma correta, ou seja, usando ambos, dianteiro e traseiro, porém com mais intensidade no da frente e não o traseiro.
Freios combinados - como o próprio nome diz, o sistema “combina” a frenagem nas rodas dianteira e traseira. O sistema hidráulico ou mecânico distribui a frenagem para a roda dianteira, quando o motociclista pisa apenas no pedal de freio traseiro. O objetivo é corrigir o “vício” de muitos motociclistas que não usam o manete do freio dianteiro com medo de “capotar” com a moto.
Mais “barato”, o CBS ou UBS é obrigatório em modelos abaixos de 300cc e geralmente adotado em motos mais populares, como a Honda Pop 110i, a Yamaha Neo, entre outros.
Freios ABS – o funcionamento do sistema é bem diferente do CBS, apesar do nome parecido. O sistema antitravamento deixa os freios funcionarem independentemente, mas evita que as rodas travem em uma frenagem mais brusca. Há sensores que medem a velocidade das rodas e enviam essas informações a uma central eletrônica. Ao detectar uma diferença grande entre a velocidade das rodas, o que significaria o princípio de travamento das rodas, o sistema alivia a pressão hidráulica nos freios, geralmente a disco, evitando uma derrapagem. E voltaria a aplicar a pressão até que a diferença de velocidade entre as duas rodas caísse. Isso tudo acontece em milissegundos.
Mais sofisticado e caro, o ABS geralmente equipa motos maiores, mas já está sendo adotado em modelos como o scooter Yamaha NMax, a Fazer 250 e a nova Lander 250. A Honda também oferece o sistema na nova geração do PCX 150 e em modelos com a CB 250F Twister e a XRE 300.