Aos poucos o mercado de motocicletas demonstrava sinais de melhora neste ano, porém a paralisação dos caminhoneiros que atingiu diversos setores da economia pode prejudicar a recuperação do segmento de duas rodas. Embora a produção, concentrada em Manaus (AM), ainda não tenha sido afetada, no varejo algumas concessionárias já amargam a falta de motos para venda ou a diminuição da procura por financiamentos. O segundo maior salão de motos do País foi adiado e até mesmo competições sofreram com a greve.
Nas fábricas de motocicletas na capital amazonense, a produção não havia sido afetada até segunda-feira, 28 de maio, segundo comunicado da Abraciclo (associação dos fabricantes do setor), em função da “utilização de insumos em estoque e vindos dos fornecedores locais”. Alguns fabricantes usaram planos “de contingência para assegurar o transporte de funcionários e os serviços internos de alimentação”, informa o comunicado da associação.
Porém os fabricantes alegam que diversas carretas não conseguiram fazer o transporte das motos entre Manaus e as concessionárias. Caso da VP Moto, de Florianópolis (SC), que há oito dias não recebe motos novas para entrega. “Os caminhões não conseguem chegar aqui” relatou um vendedor por telefone, quando consultado sobre o estoque de motos Honda.
Os efeitos também são percebidos na intenção de compras nas lojas. “O movimento em frente a concessionária caiu muito”, garante Carlos Eduardo Bernauer, diretor da concessionária Samell Motos, de São Vicente, litoral de São Paulo. A afirmação do executivo está baseada em números. “Na segunda feira passada, início da greve, tivemos 38 fichas para financiamento. Nesta, fechamos o dia somente com 29 fichas, fruto do menor volume de pessoas passando em frente a loja ou que deixaram a compra da moto em segundo plano nas suas prioridades”, acredita Bernauer.
Salão adiado
Previsto para acontecer no final de semana passado no Rio de Janeiro (RJ), o Salão Moto Brasil teve que ser adiado. Os organizadores confirmaram que não havia condições de atender ao público, pois a estrutura física e de alimentação não tinha chegado ao Riocentro. A solução foi adiar o evento, que deve acontecer entre 31 de maio e 2 de junho.
A organização afirma que as empresas já estão montando seus estandes e as motos já estão a caminho da 8ª edição do Salão. A única ausência será a atração “Muro da Morte”, pois a estrutura não conseguiu chegar a tempo da montagem, que leva três dias. Bloqueios retiveram a carreta na estrada ainda na saída de Curitiba (PR).
Até mesmo competições sofreram com a greve. A etapa do campeonato SuperBike Brasil que ocorreu em Curitiba (PR) no último final de semana não contou com muitos pilotos e equipes que ficaram parados na estrada. Os organizadores optaram por realizar uma prova especial com os pilotos presentes. O presidente da Associação dos Pilotos, Bruno Corano, realizou uma assembleia e por votação a prova de Curitiba aconteceu, mas válida apenas pela Copa Superbike Paranaense. Dessa forma, os pilotos que disputam o campeonato brasileiro, mas não puderam chegar ao evento, não foram prejudicados.
Até mesmo cursos tiveram de ser remarcados. Um exemplo foi o Curso de Pilotagem da MotorsCompany, previsto para 31 de maio. A empresa organizadora quis evitar problemas de deslocamento dos alunos e da estrutura e optaram por remarcar as aulas para 23 de junho.