A Audi conduz estudo em conjunto com o Instituto Fraunhofer para descobrir como será a vida a bordo de seus carros quando o motorista não for mais necessário. Em um simulador instalado em Stuttgart, na Alemanha, especialistas investigam, por exemplo, como o interior de um veículo dotado de direção autônoma pode se tornar um local de trabalho ou lazer, enquanto as pessoas são levadas automaticamente do ponto A para o B. Entre as muitas possibilidades que se abrem com a nova tecnologia que começa a ser introduzida gradualmente nos automóveis de diversas marcas na próxima década, a Audi prevê que as descobertas feitas agora com as simulações ajudarão a criar para cada usuário um interior personalizado.
Quando os carros não tiverem mais um volante, a Audi avalia que a mobilidade premium também será redefinida, com a possibilidade de as pessoas viajarem de um ponto a outro enquanto navegam na internet, brincam com seus filhos ou trabalham. Por isso a marca alemã juntou forças com os especialistas do Instituto Fraunhofer para descobrir o que é importante na otimização do tempo quando se está em um carro autônomo, e assim desenvolver os seus carros para futuro.
No simulador montado no Instituto Fraunhofer, a Audi reproduz a condução autônoma com um interior variável e sem volante. As projeções simulam a sensação de se estar trafegando em diversas condições, como noite ou dia. Por meio de telas, os pesquisadores podem introduzir distrações digitais, escurecer janelas ou mudar a cor da iluminação e os ruídos de fundo.
Em busca do ambiente ideal
As atividades cerebrais dos participantes foram medidas (EEG), bem como os tempos de reação, cotas de erro, além de serem observadas as impressões subjetivas de cada um. Os resultados do EEG apontaram que em um ambiente sem distrações o cérebro fica mais relaxado, com tarefas sendo realizadas melhor e mais rapidamente. Os participantes também relataram que ficaram menos distraídos.
Em contrapartida, foi simulada também uma situação de condução com mais distrações, que demandou mais do cérebro. Neste caso os participantes tiveram contato com publicidade, redes sociais e não se beneficiaram de configurações de iluminação mais agradáveis ou janelas mais escuras. A ideia, segundo a Audi, é encontrar o ambiente ideal para uma viagem mais confortável a bordo de um carro autônomo, de acordo com a necessidade dos passageiros, seja trabalhando, descansando ou simplesmente fazendo o tempo passar.
Os testes têm sido feitos com jovens, que nasceram depois de 1980 e são consideradas receptivas aos carros autônomos. As 30 pessoas que participaram do experimento realizaram várias tarefas que exigiram concentração comparável com uma situação de trabalho dentro de um carro autônomo.
Projeto 25th HOUR
As simulações feitas no Instituto Fraunhofer fazem parte do Projeto Audi 25th Hour, que estuda como o tempo pode ser melhor aproveitado dentro do carro autônomo. Atualmente as pessoas passam 50 minutos por dia ao volante, em média, segundo estimativas citadas pela Audi. Quando não for mais necessário dirigir o veículo, esse período poderá ser ocupado por outras atividades.
Segundo a montadora, o projeto baseia-se no pressuposto de que uma interface inteligente irá aprender sobre as preferências individuais, adaptando-se de forma flexível ao usuário.
Em uma primeira etapa, a equipe do projeto analisou motoristas e passageiros em Hamburgo (Alemanha), São Francisco (EUA) e Tóquio (Japão), enfocando dois aspectos: como se acessa infoentretenimento no carro hoje e o que as pessoas gostariam de fazer com seu tempo livre no veículo autônomo do futuro. Os resultados foram discutidos com especialistas, incluindo psicólogos, antropólogos e planejadores urbanos e de mobilidade.
Com essas descobertas, foram definidos três “modos de tempo” concebíveis em um carro autônomo: de qualidade, de produtividade e de descanso. No chamado “tempo de qualidade” as pessoas buscam atividades com filhos, família ou telefonam para familiares e amigos, por exemplo. No “produtivo”, o período é ocupado com o trabalho. Em “modo de descanso”, o tempo é utilizado para descontrair, com leituras, navegando na internet ou assistindo a um filme.
Agora, nesta segunda etapa do projeto, a Audi pesquisa mais esses “modos de tempo” no simulador com a ajuda de cientistas do Instituto Fraunhofer. Atualmente, a equipe está concentrando-se principalmente no “tempo produtivo” a bordo dos autônomos.