Toda tribo tem seu chefe. E, no caso da Indian Motorcycle, o cacique é, sem dúvida, a Roadmaster. Modelo mais luxuoso da fábrica norte-americana, a moto touring oferece todos os atributos para quem quer rodar muitos quilômetros: “motorzão”, boa autonomia, conforto para piloto e garupa e diversos recursos para tornar a viagem mais prazerosa.
A posição de liderança da Roadmaster é reforçada pelo fato de ser o modelo mais caro da Indian à venda no Brasil: R$ 99.990. Seu porte imponente também contribui. A grande carenagem frontal e as malas rígidas compõem o estilo clássico das touring. Mas com uma pitada dos “costumes” da tribo de Springfield: linhas arredondadas, bancos em couro maquinetado com o característico “indiozinho” no topo do envolvente para-lama dianteiro.
Não há cocares com cores extravagantes, mas uma profusão de cromados espalhados ao longo de mais de 2,6 metros de comprimento e 422 kg de peso, pronta para rodar. E foi o que fizemos.
Pouca vibração e muito torque
Por baixo do clássico estilo touring americano, a Indian adotou tecnologias modernas neste “renascimento”. Ao invés de uma chave, há apenas um chaveiro com sensor de presença e, para dar vida à Rodmaster, basta apertar um botão, que lembra muito o interruptor de um tablet. O sistema de iluminação com LEDs – farol, faróis auxiliares e lanterna – também denuncia que se trata de um modelo atual.
O enorme V2 de 1.818 cm³ tenta esconder seu desenvolvimento recente. Embora criado em 2013, o motor batizado de Thunderstroke 111 tem cabeçotes arredondados e diversas aletas nos cilindros, como antigamente.
Mas logo ao dar partida, nota-se pouca vibração e muita força. Com arrefecimento misto de ar e óleo, o V2 oferece torque máximo de 16,48 kgf.m já a 3.000 giros. O ride-by-wire garante uma aceleração suave e a injeção eletrônica, uma alimentação sem engasgos. O consumo variou entre 15,5 e 17 km/litro – com tanque de 20,8 litros a autonomia deve superar os 300 km.
Com bastante torque disponível, nem é preciso muitas trocas no câmbio de seis velocidades – nem mesmo na cidade, onde o calor do lado direito do motor chega a incomodar. Mas, uma vez na estrada, o incômodo desparece e basta engatar a sexta marcha e acelerar. A transmissão final é feita por correia dentada.
Conforto de sobra
Com o rodar suave do motor e o largo banco de couro, resta ao piloto curtir. O grande para-brisa, com ajuste elétrico, é outro diferencial da Roadmaster. O aparato fornece a proteção aerodinâmica necessária para que o piloto desfrute do sistema de entretenimento: o som tem 200 watts e oferece rádio, entrada USB e conexão Bluetooth. Falta um GPS, que a Indian já tratou de criar, mas deverá chegar ao País no novo modelo apenas no segundo semestre e já em português do Brasil. Não o dos patrícios, como em outras marcas.
O chassi em alumínio forjado e as robustas suspensões fazem a grande touring praticamente “navegar” pelas estradas. Com acerto macio, o conjunto oferece bom amortecimento e isola o piloto das imperfeições do piso. E raramente chega ao fim de curso. Os freios são eficientes – com disco duplo, na dianteira, e simples, na traseira – contam com a ajuda do ABS para parar a Roadmaster com segurança.
O conjunto de malas laterais rígidas e o top case oferecem 142 litros de capacidade – no top case cabem dois capacetes fechados tranquilamente. E nem é preciso se preocupar: há um botão sob o tanque para destrancar ou abrir as malas e o chaveiro também tem a função de trava remota.
As informações na pequena tela de cristal líquido são inúmeras: consumo, autonomia, pressão dos pneus... uma infinidade de coisas para se distrair da estrada. Tudo pode ser acessado pelo punho esquerdo. No punho direito, há ainda o Cruise Control (piloto automático), muito útil em uma moto feita para longas viagens.
Outros diferenciais da Roadmaster são os aquecedores de manopla e de banco – este último com controles individuais para piloto e garupa – que já vêm de série no modelo.
Briga de gigantes
Não há como negar – e nem mesmo a Indian Motorcycle o faz – que a Roadmaster foi criada para brigar de frente com a outra gigante da estrada, a Ultra Limited, um dos modelos mais vendidos da Harley-Davidson em todo o mundo. Tanto é verdade que a Harley trouxe como novidade para linha Touring 2017 um inédito V2 de maior capacidade e menor vibração. Suspeito que o motor Thunderstroke da Indian tenha uma parcela de “culpa” na mudança.
E, como a Harley-Davidson realinhou (leia-se reduziu) o preço dos modelos Touring neste ano, a Indian fez o mesmo. Quando chegou por aqui em abril do ano passado, a Roadmaster era vendida por R$ 114.900. Agora, é comercializado por R$ 99.990.
Preço mais elevado que a nova Ultra, vendida a partir de R$ 95.900, mas com alguns itens ausentes como o para-brisa ajustável e a prática trava remota das malas. Por outro lado, o Infotainment da HD com tela colorida está mais atualizado no Brasil – mas o novo sistema da Indian já está pronto no exterior. Enfim, uma briga de gigantes entre duas tribos que vivem no mesmo território. E o cacique já apresentou suas armas para se defender dos ataques da águia.
Ficha Técnica - Indian Roadmaster
Motor Thunderstroke 111, com dois cilindros em “V” e refrigeração mista ar e óleo
Capacidade 1.818 cm³
Câmbio Seis velocidades
Potência máxima ND
Torque máximo 16,48 kgf.m a 3.000 rpm
Suspensão dianteira Garfo telescópico de 46 mm de diâmetro e 119 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecedor com ajuste na pré-carga da mola
Freio dianteiro Disco duplo flutuante de 300 mm com pinça de quatro pistões e ABS
Freio traseiro Disco simples de 300 mm com pinça de dois pistões e ABS
Pneu dianteiro 130/90-16
Pneu traseiro 180/60 - 16
Comprimento 2.656 mm
Largura 1.022 mm
Altura 1.572
Entre-eixos 1.668 mm
Altura do assento 673 mm
Peso (em ordem de marcha) 422 kg
Tanque de combustível 20,8 l
Cor Thunder Black
Preço R$ 99.990