O novo EcoSport de cara nova e sem estepe na traseira (que será mantido no Brasil) é exibido como um dos destaques da Ford no Salão de Detroit. Com direito a exposição em plataforma rotatória, o modelo que inaugurou o segmento de utilitários esportivos compactos é com certeza a maior novidade do evento para os mercados latino-americanos, especialmente o Brasil, onde nasceu o projeto original e será o primeiro mercado mundial de lançamento, no segundo semestre deste ano, primeiro as versões 4x2 com motores 1.5 (novo) e 2.0 e um pouco mais à frente a opção AWD, com tração integral.
Com certa dose de exotismo – e para preservar as vendas já em declínio da geração anterior do EcoSport, lançada em 2012 –, a Ford não exibiu a nova geração do modelo no Salão de São Paulo, em novembro, e decidiu apresentar a cara nova do SUV pela primeira vez nos Estados Unidos, onde o carro fará sua estreia só em 2018 e deve chamar pouco a atenção da maioria do público norte-americano em Detroit, bem mais interessado no enormes utilitários esportivos e picapes – como é o caso, no mesmo estande da Ford, da nova picape F-150, há 40 anos o modelo de veículo mais vendido dos Estados Unidos. Por isso um SUV compacto de entrada parece um tanto quanto deslocado e exótico no mais radicional salão de automóveis dos EUA, mas também tentará a sorte como opção mais barata (em torno de US$ 15 mil) em um mercado que tem espaço para todos.
O EcoSport apresentado em Detroit foi feito na Índia, país que abastece o modelo também para o mercado europeu. Para aproveitar o tratado de livre comércio do Nafta entre Canadá, Estados Unidos e México (Nafta) enquanto ele ainda existe (o presidente eleito Donald Trump quer taxar as importações de veículos mexicanos), o plano da Ford é produzir no México o EcoSport que será vendido na América do Norte – o que significa dizer que a fábrica brasileira de Camaçari (BA) deverá em breve perder um mercado de exportação do SUV.
Nova cara, interior e motorização
O EcoSport exibido em Detroit apresenta mudanças no design externo, principalmente na dianteira, com conjunto óptico redesenhado e grade sextavada maior do que a atual, em formato único ligando capô ao para-choque com o logo oval da Ford fixado no meio. Assim o SUV fica atualizado com o design global da Ford.
Na traseira as alterações são bem mais sutis, mas o que chama mais atenção é a ausência do estepe do lado de fora, que no Brasil será mantido para não comprometer o espaço já pequeno do porta-malas. Explica-se: ao contrário do mercado brasileiro, nos Estados Unidos e Europa a legislação não exige o estepe e o carro pode ser vendido apenas com kit de reparo rápido. Só em uma próxima geração completamente reprojetada o EcoSport eventualmente poderá acomodar o pneu sobressalente embaixo do porta-malas, como acontece com a maioria dos carros, inclusive os hatches compactos.
No interior o painel foi redesenhado, com novo quadro de instrumentos e a nova geração do sistema de infoentretenimento Sync 3 da Ford, agora com uma avantajada tela sensível ao toque no centro do painel.
Por baixo do capô, só seguirá igual o motor 2.0 Duratec importado do México, que desenvolve 178 cv com etanol. Para o mercado sul-americano a maior novidade será o motor Dragon 1.5 de três cilindros, em substituição ao 1.6 atual. O novo propulsor tem injeção direta de combustível, bloco e cabeçote de alumínio, e gera cerca de 130 cv. A fábrica de motores da Ford em Taubaté (SP) já está sendo preparada para produzir o Dragon 1.5, que deverá equipar outros modelos da marca no país com a promessa de ser o mais potente e econômico motor 1.5 aspirado no Brasil.
Além dessas duas opções de motorização, nos mercados europeus e norte-americanos o novo EcoSport também terá a versão Ecoboost 1.2 com turboalimentação. Ainda não está confirmado se esta opção também será oferecida no mercado brasileiro.
Outra novidade serão as opções de transmissão. O novo EcoSport deve adotar câmbio manual de seis marchas ou automático de seis. Após muitos problemas no pós-venda, será abandonada a transmissão Powershift (automática de dupla embreagem), não só no Brasil, mas em todo o mundo. A alemã Getrag, que pertencia à Ford e fornecia a Powerhift, foi vendida à canadense Magna em 2015.