Distribuidores esperam retomada da economia no segundo semestre e aumento de 3,11%, nas vendas do setor neste ano
Em 2016 foram emplacados 3.174.625 carros, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas, segundo levantamento da Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos no Brasil, divulgado hoje, 4 de janeiro. O mau resultado significa uma queda de 20,29% nas vendas em comparação a 2015 e faz o setor de veículos regredir ao patamar de 2006. O segmento de motocicletas fechou o ano com 997.979 unidades emplacadas, uma queda de 21,62% e a primeira vez desde 2004 que as vendas de motos ficam abaixo de 1.000.000 de unidades.
Apesar do desempenho ruim, a entidade prevê que neste ano a economia brasileira dê sinais de recuperação, principalmente a partir do segundo semestre. “Com base no cenário atual, projetamos um crescimento de 3,11% nas vendas do setor de veículos neste ano”, declarou o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.
Ainda que tímido, a projeção de aumento nas vendas é um alento para que o setor comece a sair do fundo do poço. Analistas e economistas em geral acreditavam que o afastamento definitivo de Dilma Roussef, consumado em 31 de agosto passado, traria certo alento à economia nos últimos meses do ano passado. Mas as estatísticas contrariaram as expectativas e o PIB brasileiro de 2016 deverá cair 3,5%.
“A única boa notícia foi que a inflação do período ficou dentro do teto da meta”, afirma a economista Tereza Maria Fernandez, sócia diretora da MB Associados, empresa que presta consultoria à Fenabrave. Para Fernandez, a agenda econômica do governo Temer e as reformas que devem ser feitas podem trazer confiança ao mercado e resgatar os investimentos. Segundo a MB Associados, o PIB brasileiro em 2017 deverá ser positivo e crescer 1,0 % – projeção até otimista, uma vez que outros economistas preveem crescimento de somente 0,5% para o ano.
Juros menor e mais crédito
Com a inflação controlada, o Banco Central já reduziu a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual desde outubro para 13,75%. E tudo indica que deverá cair mais. Juros menores tornam o crédito mais acessível e também incentivam os investimentos. Outros indicadores do mercado, como o saldo de crédito à pessoa física, já demostram sinais de reversão. “Ainda não estão positivos, mas pararam de cair. E acreditamos que a taxa de desemprego também se estabilize”, declarou a economista.
O crédito escasso e a falta de confiança do consumidor são apontados como as principais causas da queda na venda de veículos. “Hoje, apenas 3 de cada 10 fichas de financiamento são aprovadas. Em uma situação normal, seria o oposto”, revela o presidente da Fenabrave. No segmento de motos, a taxa de aprovação é ainda menor: apenas 1,5 pedidos de financiamento em cada 10 solicitados.
A tímida retomada da economia e do crédito devem ajudar a indústria de duas rodas. Para o mercado de motocicletas, a Fenabrave projeta um crescimento de 4,4% para 2017, chegando a 1.041.939. Quantidade bem abaixo do tamanho do mercado, que já chegou a vender quase 2.000.000 de motos em 2011. Mas, ao menos, um sinal de retomada do setor.