Pela primeira vez desde que iniciou operações industriais no Brasil, há 17 anos, a Renault renova sua linha de motores produzida na fábrica de São José dos Pinhais (PR) – como parte integrante do programa de investimento de R$ 500 milhões de 2014 a 2019, que envolve também os lançamentos do Captur e Kwid em 2017. A marca passa a equipar todos os seus modelos feitos no País com os novos propulsores SCe 1.0 e 1.6. “É uma mudança importante e muito significativa, que traz um grande pacote de benefícios para mais de 70% da nossa gama vendida aqui”, afirma Fabrice Cambolive, presidente da Renault do Brasil.
A maior novidade é o 1.0 SCe, o sétimo tricilíndrico introduzido no País, que faz sua estreia global aqui e futuramente deve equipar modelos Renault e Nissan na Europa e outros países. O motor foi desenvolvido pela engenharia brasileira da Aliança Renault-Nissan, com ajuda da matriz na França e de engenheiros da equipe de Fórmula 1 da marca, que vieram ao Brasil para ajustar melhor a calibração do duplo comando variável de válvulas na admissão e no escape. O três-cilindros com bloco, cabeçote e cárter de alumínio é 20 quilos mais leve do que o 1.0 anterior de quatro cilindros da marca, produzido no País desde 2001.
De acordo com a Renault, o 1.0 SCe oferece 90% do torque máximo de 10,5 kgfm já a 2.000 rpm, um ganho de 15% sobre o antecessor. A potência aumentou um pouco, 2 cavalos, para 82 cv com etanol e 79 cv com gasolina, o que faz dele o segundo mais potente do mercado (com álcool ele divide a posição com o EA 211 da Volkswagen, mas fica pouco à frente quando abastecido com gasolina).
Na prática o novo propulsor trouxe vida nova às versões 1.0 do hatch Sandero e sedã Logan, que ficaram mais agradáveis de dirigir e ainda reduziram o gasto de combustível em até 19% e 16%, respectivamente. “Somos agora a opção 1.0 mais econômica do mercado de acordo com as medições do PBEV do Inmetro”, garante Bruno Hohmann, diretor de marketing da Renault do Brasil. Nas melhores condições, usando gasolina na estrada o Sandero registrou 14,2 km/l e o Logan 13,8 km/l.
Os novos motores chegam aliados a outras melhorias periféricas que reduzem o consumo, como direção eletro-hidráulica (que ajudou a reduzir o consumo em 3%) e pneus com baixa resistência ao rolamento em todas as versões do Sandero e Logan. Outro aprimoramento é o câmbio manual agora acionado por cabo, em vez de varetas, que deixa os engates mais fáceis e macios.
Para Hohmann, a oferta de mais economia e desempenho um pouco superior têm potencial para aumentar principalmente a demanda pelo Sandero, sétimo carro mais vendido no País este ano, que responde por 40% das vendas da Renault aqui, 70% deles equipados com motor 1.0. Para o Logan o mix se inverte: 70% são 1.6. “Devemos crescer um pouco com o público feminino. A direção eletro-hidráulica deve agradar principalmente as mulheres, pois é mais leve do que a anterior hidráulica”, diz o diretor.
1.6 vem da Nissan
O novo motor 1.6 SCe de quatro cilindros também tem bloco, cabeçote e cárter de alumínio e é 30 kg mais leve comparado com o 1.6 anterior da Renault – basicamente o mesmo lançado em 1999, quando a empresa inaugurou sua fábrica brasileira. Com comando variável de válvulas só na admissão, fez a mão contrária de desenvolvimento, pois vem originalmente da Nissan e é quase igual ao produzido desde 2014 pela marca japonesa na fábrica brasileira de Resende (RJ), mas recebeu adaptações e alguns periféricos diferentes.
O principal deles é o ESM (sigla em inglês para gerenciamento inteligente de energia), mais uma das tecnologias desenvolvidas na Fórmula 1, também aplicada no novo 1.0 SCe. O dispositivo usa a energia cinética das frenagens para recarregar a bateria do veículo e assim reduzir a carga sobre o motor, o que garante economia de combustível de cerca de 2%, segundo a Renault. Sandero e Logan 1.6 terão ainda o start-stop, que desliga o motor quando o carro está parado, trazendo economia adicional de 5%.
Os dois modelos tiveram bom ganho de potência com o 1.6 SCe, que cresceu de 106 cv para 118 cv com etanol, aumento de 11,3% em relação ao motor 1.6 que vinha sendo usado pelos dois até então. Com gasolina, a potência saltou de 98 cv para 115 cv, um avanço de 17,3%. O torque também é maior: 16 kgfm, com gasolina ou etanol.
De acordo com as medições do PBVE, o 1.6 SCe trouxe a maior redução de consumo para o Logan, que ficou até 21% mais econômico na comparação com as versões 1.6 anteriores do sedã. Já o Sandero teve ganho de 19%. “Abastecidos com gasolina em uso urbano os dois são os 1.6 mais econômicos do mercado”, afirma Hohmann. Os novos Sandero e Logan 1.6 SCe também poderão ser equipados com o recalibrado câmbio automatizado Easy-R, que traz junto controle eletrônico de estabilidade ESP e tração e assistente de arrancada em subidas (HSA), acionado quando o carro se encontra em uma inclinação superior a 3°.
Além de versões do Sandero e Logan, o 1.6 vai equipar o SUV Duster e a picape Oroch, que segundo a Renault também receberam nota “A” do Inmetro, com redução no consumo de até 18% e 16%, respectivamente. Graças a uma nova calibração, os dois modelos tiveram ganho de potência ainda maior, 120 cv com etanol e 118 cv com gasolina, e o torque máximo chega a 16,2 kgfm com ambos os combustíveis. O 1.6 SCe também deverá estar a bordo do Captur, a ser lançadoe fevereiro de 2017.
Assim como o 1.0 SCe, o novo 1.6 SCe utiliza corrente de sincronismo no lugar de correia dentada de borracha, que dispensa a troca. O acionamento de acessórios é feito por meio de correia elástica (sem polia tensionadora). Ambas as soluções reduzem o custo de manutenção.
Os novos motores da Renault incorporaram alguns dos mais recentes avanços tecnológicos para elevar desempenho e diminuir consumo. Além do comando variável de válvulas (duplo no caso do 1.0), ambos usam óleo de baixa viscosidade e receberam tratamento nos anéis e camisas de pistões para reduzir atrito. Mas a montadora também fez economias para segurar os custos: foi mantido o tanquinho de gasolina para ajudar nas partidas a frio com etanol, algo já aposentado na maioria dos motores flex mais modernos do mercado que adotam o pré-aquecimento da injeção; e a direção eletro-hidráulica é mais barata do que a totalmente elétrica.
Preços maiores
A Renault está cobrando de volta a maior economia de combustível oferecida pela nova geração de motores. Segundo o diretor de marketing Bruno Hohmann, os preços subiram em valor equivalente economizado durante um ano de uso. De acordo com os cálculos aproximados da Renault, isso significou aumento de R$ 600 nos Sandero e Logan equipados com o novo 1.0 SCe, e de R$ 800 a mais na tabela de ambos os modelos com motorização 1.6.
Com isso, os preços do Sandero 1.0 agora variam de R$ 42.400 (Authentic) a R$ 44.950 (Expression), e além dessas duas versões foi lançada a edição limitada Vibe, restrita a 9,5 mil unidades, que está à venda por R$ 47.100, com pintura e acabamento interno especiais, além de pacote máximo de equipamentos, incluindo ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, vidros dianteiros, retrovisores e travas com acionamento elétrico, computador de bordo, indicador de troca de marchas, sensor de estacionamento e sistema multimídia Media NAV Evolution com tela touchscreen de 7 polegadas, navegação GPS, rádio, conexão Bluetooth, USB e as funções EcoCoaching e EcoScoring.
Nas versões 1.6, o Sandero Expression agora sai por R$ 49.770 com câmbio manual e R$ 54.420 com automatizado. A versão topo de linha Dynamique custa R$ 53.500 e R$ 58.550, e a GT Line R$ 54.620. O aventureiro Sandero Stepway também ganhou o novo motor 1.6 SCe e agora é vendido por R$ 59.720, ou R$ 63.070 automatizado.
No caso do Logan 1.0 Authentique o preço subiu para R$ 46.300 e a versão Expression custa R$ 48.200. O 1.6 Expression começa em R$ 52.750 ou R$ 57.350 com câmbio automatizado Easy-R, e o Dynamique sobe para R$ 56.400 e R$ 61.400.