A Honda CG 125 completa 40 anos de estrada. Sua longevidade justifica-se pelo sucesso nas vendas: as mais de 11 milhões de unidades comercializadas rendem-lhe o título de veículo mais vendido do Brasil em todos os tempos – mais até do que o próprio VW Gol, que emplacou cerca de 6,2 milhões de unidades.
A “quarentona” CG retrata também a evolução das motocicletas nacionais. De uma pequena e utilitária 125cc com 11 cv de potência, freios a tambor e partida a pedal em 1976, a CG evoluiu: tornou-se um modelo de entrada com motor bicombustível de 160 cc, 15,1 cv, sistema de freios combinados com disco na dianteira, partida elétrica e painel digital.
O primeiro modelo da CG fabricado pela marca japonesa no País surgiu como uma alternativa à proibição da importação de veículos imposta pela ditadura militar. Foi também uma resposta à crise mundial do petróleo na década de 1970. Baixo preço – a metade do valor de um carro popular da época -, economia de combustível e menor emissão de poluentes eram os principais argumentos de venda. Qualidades bradadas por ninguém menos do que Pelé, garoto propaganda no lançamento da CG 125.
“Mirrada”
Ao subir na CG 125 1976 a primeira sensação é de que o modelo era uma “motinho”: o assento é reto e permite apoiar os pés no chão facilmente, mas há pouco espaço na quarentona CG. O guidão é mais baixo e próximo do corpo e as pernas vão bem flexionadas.
A atual versão topo de linha, a CG 160 Titan, tem guidão curvado e assento em dois níveis (a 790 mm do chão) com ampla espuma. Proporciona mais conforto a quem utiliza a moto diariamente por muitas horas em todo o Brasil.
Antes de pisar no pedal de partida para dar vida ao motor de concepção simples com comando de válvulas por vareta é preciso puxar o afogador do carburador. Atitudes que foram “praticamente” aposentadas ao longo dos anos. A CG 160, assim como a maioria das motos de sua categoria, agora tem partida elétrica e injeção eletrônica.
Simplicidade mecânica
Embora seja mais leve que a atual (94 kg contra 121 kg a seco), a primeira CG oferecia apenas 11 cv e o câmbio tinha quatro marchas. Uma curiosidade: todas engatadas para “baixo”, ou seja, pisando no pedal. O desempenho do monocilíndrico leva ainda hoje a CG 76 a 90 km/h no máximo.
Já o atual propulsor de 162,7 cm³ tem comando no cabeçote e é alimentado por injeção eletrônica – que foi incorporada desde o modelo 2004. Mais precisa do que o antigo carburador oferece 15,1 cv (quando abastecido por etanol) a 8.000 rpm. Seu funcionamento é mais linear e a resposta ao acelerador é mais instantânea se comparado à primeira versão.
Após a primeira CG Mix, lançada em 2009, os motores flex (álcool e gasolina) também passaram a ser utilizados em outras motos nacionais.
Ciclística também melhorou
O conjunto de suspensões da primeira CG 125 já tinha sistema bichoque, com dois amortecedores, na traseira, porém o garfo dianteiro tinha apenas molas externas, protegidas por uma cobertura de metal. Em 1978, a CG ganhou o garfo telescópico com amortecedor e molas internas, configuração que foi melhorada, mas é utilizada até hoje na grande maioria das motos.
O primeiro conjunto até surpreende pela boa absorção de impactos em valetas e lombadas, mas é notável a evolução quando se roda no modelo atual. O amortecimento é mais progressivo e suave. Apesar de a CG 1976 já ter a agilidade nas mudanças de direção e a boa ciclística nas curvas, que caracterizam o modelo até hoje. O quadro tubular de aço foi substituído por um chassi estampado e mais reforçado atualmente.
Já nos freios, a melhoria é brutal. Do antigo sistema a tambor nas duas rodas, a CG 160 Titan mudou para um freio a disco na dianteira e tambor, maior, na traseira. Os dois funcionam de forma combinada para auxiliar em frenagens de emergência – sistema incorporado somente em 2015, mas que hoje já equipa motos de outras marcas.
Motivos para comemorar
Para celebrar a data a Honda apresentou uma edição especial da Titan 160, que tem como diferenciais a pintura especial nas cores da divisão de competição da marca (azul, branco e vermelho) e rodas de liga-leve douradas.
A “CG 40 anos” marca ainda o início da produção de motos Honda no Brasil na planta de Manaus, hoje uma das maiores fábricas de motos da marca em todo o mundo. Mas as quatro décadas da CG é também motivo de comemoração para os motociclistas e para o setor no País.
Além do apelo emocional, afinal a CG é praticamente um “Fusca” das motos, onde milhões de motociclistas se iniciaram nas duas rodas, o modelo Honda foi pioneiro em muitas inovações nas motos. Em função do seu grande volume de vendas, a fabricante investiu em novidades como a injeção eletrônica nas motos de entrada, o motor flex e, mais recentemente, os freios combinados.
Rodar com o primeiro e compacto modelo para, logo depois, montar na atual CG 160 Titan é uma verdadeira viagem no tempo e na história das motos no país e no mundo. Experiência que revela como as motos brasileiras, de todas as marcas em geral, tornaram-se mais confortáveis, modernas e seguras.
FICHA TÉCNICA - Honda CG 160 Titan Edição Especial 40 anos
Motor OHC, monocilíndrico, arrefecido a ar com 162,7cm³
Diâmetro x curso 57,3 x 63,0 mm
Taxa de compressão 9.3 : 1
Potência máxima 14,9 CV a 8.000 rpm (gasolina) e
15,1 CV a 8.000 rpm (etanol)
Torque máximo 1,40 kgf.m a 6.000 rpm (gasolina), 1,54 kgf.m a 6.000 rpm (etanol)
Câmbio cinco marchas
Transmissão final Corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Tipo diamante em aço estampado
Suspensão dianteira Garfo telescópico convencional com 135 mm de curso
Suspensão traseira Balança com dois amortecedores e 106 mm de curso
Freio dianteiro A disco 240 mm
Freio traseiro A tambor 130 mm
Pneus 80 / 100 – 18 (diant.) e 100 / 80 – 18 (tras.)
Comprimento 2.032 mm
Largura 739 mm
Altura 1.087 mm
Distância entre-eixos 1.315mm
Distância do solo 170 mm
Altura do assento 790 mm
Peso a seco 121 kg
Tanque de combustível 16,1 litros (3,1 reserva)
Cores Branca
Preço Sugerido R$ 10.290,00 (sem frete e seguro)