Há quase 10 anos na estrada, a Versys 650 pode ser considerada um dos modelos precursores das aventureiras esportivas como a Honda NC 750X, Honda CB 500X e a Yamaha Tracer 700. Afinal, já em 2007 a Kawasaki apostava na versatilidade das suspensões de longo curso e das rodas de 17 polegadas na Versys, antes mesmo do termo crossover virar moda entre as fabricantes.
Como toda precursora, a Versys teve de se atualizar para continuar na briga desse segmento que não para de crescer. No modelo 2016, a Versys 650 ganhou visual mais moderno, potência extra e tanque de maior capacidade para encarar viagens mais longas – de preferência por estradas de asfalto. A nova Kawasaki Versys ABS tem preço sugerido de R$ 32.990.
De cara nova
A reestilização da Versys deixou a moto bem diferente e com uma “cara” mais moderna. A antiga identidade visual com dois faróis empilhados deu lugar a uma carenagem mais encorpada cujo conjunto óptico duplo remete à sport-touring Ninja 650, com quem, aliás, a Versys 650 compartilha o motor de dois cilindros paralelos.
As mudanças conferem um visual mais atual, mas também oferecem mais praticidade e enfatizam sua proposta “touring”. O novo para-brisa mais largo agora tem regulagem de altura manual, sem a necessidade de ferramentas. Grandes aletas laterais foram colocadas para proteger o radiador e reduzir as turbulências, principalmente em altas velocidades.
Na traseira, mais mudanças. A nova lanterna é de LED e as alças de apoio da garupa estão maiores e mais altas. O subquadro foi reforçado para ampliar a capacidade de carga e permitir a instalação de malas laterais, topcase e ainda transportar garupa. Tudo para ampliar a vocação dessa Kawasaki para longas viagens.
Mais potência e conforto
O motor de dois cilindros paralelos, 649 cm³ de capacidade, DOHC e refrigeração líquida recebeu ajustes para entregar mais potência: agora são 69 cv a 8.000 rpm (5 cv a mais do que no modelo anterior). O torque também aumentou para 6,5 kgf.m a 7.000 rpm.
Apesar da maior potência, o comportamento do bicilíndrico em médios regimes não foi comprometido. O desempenho entre 3.000 e 6.000 giros foi aprimorado, resultando em torque de sobra nessa faixa de rotação, na qual o motor funciona de forma mais “redonda”.
O consumo varia de acordo com o estilo de pilotagem, pois a Versys permite uma tocada mais tranquila, fazendo 20,8 km/litro. Mas também é possível ter mais empolgação no acelerador e rodar apenas 18,1 km/litro. De qualquer forma, com o novo tanque – agora com capacidade para 21 litros – a autonomia supera os 350 km.
Na parte ciclística, mais novidades. Na dianteira, o garfo telescópico invertido (upside-down) com tubos de 41 mm e 150 mm de curso traz funções separadas: no tubo esquerdo, ajusta-se a pré-carga e, no direito, o retorno. E o monoamortecedor traseiro, com curso de 145 mm, ganhou a facilidade da borboleta para ajustar a pré-carga da mola.
Já os freios trazem a assinatura da Kawasaki com um conjunto eficiente e preciso. São dois discos de 300 mm de diâmetro e pinças de dois pistões na dianteira, enquanto a roda traseira tem um disco com 220 mm de diâmetro e pinça de um pistão. O sistema ABS, de série na versão avaliada, atua nas duas rodas.
O assento fica a 840 mm do solo e facilita subir na aventureira, embora seu peso tenha aumentado um pouco. Mesmo com 216 kg em ordem de marcha, na prática a Versys parece ser mais leve. Perdeu um pouco de sua agilidade nos trechos urbanos, em função do porte e peso maiores, mas ainda roda bem na cidade com suas rodas aro 17. O guidão largo manteve a postura ereta, típica das motos trails. Já as pedaleiras, posicionadas mais a frente e mais abaixo, ampliam o conforto ao exigir que o piloto flexione pouco os joelhos.
Essas novidades são sentidas para valer na estrada. A carenagem redesenhada garante boa proteção aerodinâmica. Pilotos mais altos podem aumentar a altura do para-brisa que, no meu caso, já desviava o vento mesmo na posição mais baixa. O banco confortável permite rodar algumas centenas de quilômetros. E o único incômodo fica mesmo para o elevado nível de vibração do motor. Uma característica dos bicilíndricos paralelos que a Kawasaki tentou reduzir com coxins de borracha no motor e guidão, mas não conseguiu eliminar completamente.
Versátil a um preço competitivo
Além do novo visual, que deixou para trás o controverso conjunto óptico com um farol sobre o outro, a nova Kawasaki Versys 650 ganhou mais potência, conforto e autonomia para viajar. Ficou ainda mais estradeira, porém cada vez menos trail e apta a deslocamentos pela terra. Aliás, uma tendência entre as motos crossover, ou aventureiras esportivas, se preferir.
Ainda mais com os novos Dunlop Sportmax (120/70-17, na frente, e 160/60-17, atrás). Os pneus, em conjunto com as novas suspensões, funcionam bem no asfalto e oferecem bastante confiança para pilotar esportivamente e contornar curvas com confiança. Mas abandonam de vez qualquer pretensão off-road que o motociclista possa ter com a nova Versys 650.
Ainda assim, essa Kawasaki bicilíndrica é bastante versátil. Vai muito bem como uma moto para deslocamentos urbanos, em função de seu vívido motor com torque em médios regimes e sua agilidade por conta das rodas de 17 polegadas e os pneus esportivos. Ficou ainda melhor para viajar – tanto para o piloto como para a garupa. A Versys 650 sente-se em casa em uma rodovia bem asfaltada e até encara uma estrada secundária, de asfalto ruim e cheia de curvas, por causa de seu robusto conjunto ciclístico.
Para além de suas qualidades, um dos trunfos do modelo 2016 da Versys 650 é seu preço competitivo para o segmento. Cotada a R$ 32.990, a aventureira esportiva da Kawasaki está abaixo de concorrentes como a bicilíndrica Honda NC 750X vendida a R$ 36.500 e a Suzuki V-Strom 650 com preço sugerido de R$ 35.649. Outra concorrente com a mesma proposta que está prestes a desembarcar por aqui é a BMW F 700GS. Equipada com motor de dois cilindros e 800cc, além de muita tecnologia embarcada, a aventureira alemã irá custar R$ 39.950.
FICHA TÉCNICA - Kawasaki Versys 650 ABS
Motor: dois cilindros paralelos, 649 cm³, DOHC, com refrigeração líquida.
Potência: 69 cv a 8.000 rpm
Torque: 6,5 kgf.m a 7.000 rpm
Câmbio: seis marchas
Transmissão final: corrente
Alimentação: injeção eletrônica
Quadro: Diamond em aço
Suspensão dianteira: garfo telescópico invertido com 150 mm de curso de ajuste no retorno e na pré-carga da mola
Suspensão traseira: monoamortecedor com 145 mm de curso e ajuste de retorno e pré-carga da mola
Freio dianteiro: disco duplo de 300 mm em forma de margarida com pinça de pistão duplo
Freio traseiro: disco único em forma de margarida de 220 mm com pinça de pistão simples
Pneus: 120/70-ZR17 (dianteiro)/160/60-ZR17 (traseiro)
Dimensões: 2.165 mm x 840 mm x 1.400 mm (C x L x A).
Distância entre eixos 1.415 mm
Distância do solo 170 mm
Altura do Assento 840 mm
Peso em ordem de marcha: 216 kg
Tanque: 21 litros
Cores: preta, laranja e verde
Preço: R$ 32.990