Responsável por transferir o movimento da caixa de câmbio para a roda motriz, a transmissão final (ou secundária) é o que faz sua moto rodar, literalmente. Conhecida como relação final, é um dos sistemas na sua companheira que mais pede cuidados e uma manutenção periódica. Composta pelo pinhão (que vai junto do eixo do câmbio); corrente e a coroa, fixada à roda; a transmissão secundária é dimensionada de acordo com sua potência e tipo – esportivas, uso misto e outras.
Apesar de simples, a manutenção preventiva é essencial para a relação funcionar bem e garantir confiabilidade à moto. A seguir, listamos sete dicas essenciais para ter uma relação saudável e duradoura.
1 – Relação “limpa”
Para que sua relação tenha vida longa é fundamental deixar o conjunto limpo. Sempre que encarar chuva ou estradas de terra, lave a corrente e a coroa. A limpeza pode ser feita usando uma escova plástica, como a dental ou as de limpeza doméstica, mas existe também uma escova específica em forma de “U”. Em motos menores, o pinhão costuma ter fácil acesso – muitas vezes é coberto por uma capa plástica. A indicação é lavar e lubrificar o pinhão a cada 10.000 km.
Para retirar resíduos entre os elos, pode ser usado desengraxante que, por ser abrasivo, deve ser diluído em água, conforme informado no rótulo. Segundo o mecânico Alex Bongiovanni, da Officine Moto em São Paulo (SP), “na falta do desengraxante, o querosene pode ser usado. E, qualquer que for o produto usado para limpar a corrente, o ideal é lavar o sistema com sabão neutro ou detergente de louças. Desta forma, evita-se o acúmulo do produto de limpeza pesada, normalmente abrasivo”. Depois de enxaguar, seque a corrente usando compressor de ar ou espera secar antes de lubrificar.
2 – Relação lubrificada
A lubrificação da corrente pode ser feita com sprays específicos, ou mesmo com óleo mineral para motor. Com os elos secos, injete o óleo pela parte superior, de modo a penetrar entre eles. Não use graxa branca para uso náutico: além de acumular muitos resíduos, é difícil de ser retirada.
3 – Relação suave
Para que a relação dure bastante, deve-se conduzir a moto evitando dar trancos nas trocas de marcha. Embreagem com regulagem muito baixa pode levar a trancos nas trocas, portanto vale mantê-la ajustada. Uma moto que não precisa de “esticadas” constantes na corrente revela um uso cuidadoso.
Arrancadas e trocas de marchas bruscas são hábitos que, aliados à falta de manutenção, podem abreviar a vida da relação para menos de 10.000 km.
4 - Tudo acaba
Corrente no fim da regulagem junto à balança traseira ou ovalizada, coroa e sobretudo o pinhão com os dentes finos e tortos, indicam uma relação em final de vida. Troque urgentemente. Afinal, uma relação desgastada, pode deixa-lo na rua porque os dentes do pinhão quebraram e não há tração na roda traseira, ou pode lhe causar um acidente, caso a corrente rompa e se venha a enroscar.
5 – Relação alinhada
Para ter boa durabilidade, o conjunto de relação deve funcionar alinhado. Ou seja, uma roda torta ou fora de centro poderá fazer com que a relação funcione desalinhada e o desgaste aumente muito. Daí a importância do mecânico avaliar se é preciso alinhar a roda antes de montar o novo conjunto.
6 – Tenha uma relação completamente nova
Nunca concorde em “diminuir” a corrente tirando elos, pois a resistência dela fica comprometida. Também não se deve trocar itens em separado, sob pena das peças já usadas causarem desgaste excessivo ou não “casarem” com a nova. Bom exemplo é uma corrente nova atuando com pinhão e coroa velhos: ela terá folgas diferentes em relação aos demais itens da transmissão secundária e irá “acabar” logo. É comum utilizar coroa e pinhão de um fornecedor (muitas vezes são vendidos somente desta forma) junto de uma corrente de marca renomada. Na reposição, procure escolher corrente com retentor, que tenha o´rings nos elos e retém melhor o óleo. Atualmente, esse tipo de corrente é equipamento original de fábrica em muitas motos.
7 – Quanto dura a relação?
Tomados todos os cuidados como lavar, lubrificar a relação e conduzir a moto suavemente, o sistema tem tudo para durar até 40.000 km, ou pouco mais. Vale lembrar que motos que rodam na estrada tem menor desgaste em geral, inclusive da relação; menos exigida do que as motos usadas apenas na cidade, onde reduções e trocas de marchas são mais constantes.