Chegar aos 70 anos é motivo de comemoração para qualquer marca ou modelo. Agora, fazer isso, com status de objeto de desejo e ainda ser considerado ícone contemporâneo de mobilidade não é para todo mundo. É neste seleto clube que a Vespa passa a figurar em 2016. E, para celebrar a data, o grupo Piaggio apresentou no último Salão de Milão uma roupagem especial alusiva aos primeiros modelos montados na região italiana de Pontedera.
A série Vespa Settantesimo consiste na pintura azul e assento em couro marrom com um delicado bagageiro dobrável de acabamento metálico. Contudo, o mais importante é que o visual comemorativo estará disponível não só para uma, mas três versões do scooter mais famoso do mundo: Primavera, PX e GTS.
No campo das inovações tecnológicas, destaque para a chegada dos freios ABS nas versões de 150 e 125 cc, disponíveis tanto na Primavera quanto na PX, sendo que esta última conta com o tradicional câmbio manual de quatro marchas. Já a GTS representa os scooters maiores da família, equipada com motor de um cilindro de 300 cc. Mas, nenhum modelo se torna septuagenário sem percorrer uma extensa trajetória, que no caso da Vespa, começou na primeira metade da década de 1940.
Surge o “Pato Donald”
Quando o industrial Enrico Piaggio teve a ideia de produzir uma motocicleta, levou a ideia ao designer aeronáutico Corradino D’Ascanio. Porém, este não gostava de motocicletas por achá-las desconfortáveis, difíceis de pilotar e sujas. Então, o italiano decidiu cobrir todo o conjunto com uma carenagem, eliminando o contato do piloto com as partes engraxadas, como a corrente e o motor.
Em 1943, estava pronto o protótipo Moto Piaggio 5 (MP5), apelidado de Paperino - nome do Pato Donald na Itália. O projeto, todavia, acabou rejeitado pelo chefe do Grupo, o que levou D’Ascanio a redesenhá-lo. Assim, a traseira ficou mais arredondada e um vão entre o escudo frontal e o assento foi criado. A roda dianteira, fixada por uma bengala apenas, ficava solta pelo lado direito e era inspirada no trem de pouso dos aviões.
Quando viu o protótipo MP6, Enrico piaggio exclamou: “isso parece uma vespa”. E foi com esse nome que a motoneta foi para o registro de patentes em 1946, chegando ao mercado no mesmo ano, com motor monocilíndrico de 98 cc.
O sucesso merecido
Por conta do sucesso, a Piaggio investiu em outras motorizações: de 125 e de 50cc, esta última com forte apelo entre os jovens. Em 1953 chegava ao mercado a versão GS com motor de 145,6 cm³. Além da maior capacidade cúbica, esta Vespa trazia outras melhorias, como o assento mais confortável e o farol embutido na barra do guidão.
Na década de 1950, a Vespa também teve uma breve passagem pelo Brasil. Entretanto, seu auge por aqui aconteceu 30 anos depois, quando a versão PX 200 passou a ser produzida no País. Para se ter uma ideia, as vendas da motoneta na época superaram as da Honda CG. Atualmente, as novas safras do scooter chegam ao Brasil por meio de importadores independentes e preço salgado.
Hoje, a mais recente versão da Vespa é a 946, que debutou no salão italiano de Milão em 2012. Além do design retrô, inspirado nas linhas do MP6, o scooter traz bastante tecnologia embarcada, o que inclui freios ABS de dois canais e controle de tração ASR. Três modos de pilotagem ainda asseguram que o piloto extraia o máximo de desempenho do motor monocilíndrico de três válvulas e 125 cc consumindo o mínimo possível e firmando o nome Vespa como exemplo de modernidade, mesmo aos 70 anos.