Como em vários outros setores da economia, a indústria de duas rodas não teve um bom ano em 2015: as vendas devem fechar o ano em torno de 1,2 milhão de unidades, praticamente o mesmo número de 2005. Mesmo assim, o mercado se mostrou maduro e não parou de investir em novidades e tecnologias para agitar o mercado. Vamos relembrar 15 fatos que marcaram o ano no segmento de motos.
Honda renova sua linha de baixa cilindrada - Líder de mercado, a Honda começou o ano mostrando a reformulada NC 750X, em janeiro. Mas as maiores mudanças vieram mesmo na sua linha de baixa cilindrada: o motor de 150cc deu lugar ao de 160cc na moto mais vendida do Brasil, a linha CG. Além disso, a nova CG 160 Titan ficou mais sofisticada – e cara. Outra mudança foi a volta da Twister, ou pelo menos do nome, afinal a nova CB Twister tem design, quadro e motor completamente novos. Apresentou a Pop 110i, com melhorias estéticas e motor injetado.
Yamaha amplia linha flex - A fábrica japonesa tem mostrado que está disposta a inovar e ganhar mercado em todo o mundo e também no Brasil. Para isso, trouxe a segunda integrante da linha MT para nosso País: a bicilíndrica MT-07. A marca também apostou no motor flex: agora todas as 250cc – Fazer, Lander e Ténéré – usam a tecnologia bicombustível. Além disso, lançou a Factor 150, modelo de entrada, também com motor flex.
BMW “Made in Brazil” – Em 2015, a BMW ampliou a nacionalização de seus modelos em busca de um preço mais competitivo: ao total são nove modelos montados em Manaus, da G 650 GS à nova S 1000XR. Outro fato marcante foi o lançamento da primeira moto de pequena capacidade da marca alemã, a G 310R, que apareceu como conceito no Salão Duas Rodas 2015 e em versão final no Salão de Milão. A nova G 310R irá também ser nacionalizada e poderá ajudar a BMW Motorrad a ter uma fábrica de motos no Brasil.
Triumph atinge 10.000 motos fabricadas no Brasil – A marca inglesa comemorou a marca antes mesmo de três anos de atuação. A “festa” foi em grande estilo: a linha de montagem começou com uma área construída de 1.845,94 m² e capacidade para produzir até sete unidades por dia divididas em três modelos. Em maio deste ano, expandiu-se para 2.945,94 m² e o número de funcionários passou de 19 para 62. Atualmente, monta 35 motocicletas diariamente de 12 modelos diferentes e a capacidade anual passou de 5.000 para 7.000 unidades.
O crescimento dos scooters – Mesmo em um ano complicado para a economia, entre janeiro e outubro foram emplacados mais de 30 mil scooters no Brasil. Os modelos Honda PCX 150, líder, e o Lead 100 venderam juntos 25.438 unidades no período, o que representa um crescimento de mais de 6% em relação ao ano passado. Além dos números de vendas, fabricantes sinalizam que o mercado deve continuar crescendo e apresentarão novidades em 2016. Inclusive com a volta da Yamaha para o segmento de scooter de baixa cilindrada, com o NMax.
Salão Duas Rodas 2015 – A edição deste ano entrou para a história como um dos eventos com o maior número de lançamentos, inclusive, estreias globais. Realizado entre 7 e 12 de outubro no Pavilhão do Anhembi em São Paulo (SP), também presenciou a apresentação de diversas novidades no line-up de inúmeros fabricantes. A Kawa apresentou a nova Ninja ZX-10R 2016. A BMW fez a avant première da Concept Stunt G 310 e a Yamaha exibiu a MT-03, sua pequena naked de 320cc, e convidou o presidente mundial para sua coletiva oficial.
Queda nas vendas - A Abraciclo - associação que reúne os fabricantes de motos e bicicletas - estima que o segmento de duas rodas fechará o ano com 1.270.000 motos produzidas e 1.210.000, emplacadas. O resultado significa que o mercado de duas rodas retrocedeu dez anos, já que os números são muito próximos aos obtidos em 2005 e 2006. O crédito restrito e a desconfiança na situação econômica do País, além do aumento do desemprego, foram os principais responsáveis pelos números ruins.
Compactas premium – Kawasaki Z 300, Yamaha R3, Duke 390... o que essas motos têm em comum? Posicionadas em uma lacuna do mercado de motocicletas entre 300 e 500 cm³, as compactas premium têm um preço competitivo aliado a uma receita empolgante. Relativamente novo por aqui, este nicho tem garantido boas vendas em mercados “emergentes”, como Índia, Indonésia e Tailândia. Por causa dessas recentes novidades, o Brasil deve repetir o sucesso de aceitação destes modelos compactos. E quem ganhou com isso foi o consumidor com mais opções no mercado.
KTM chega para valer – Anunciada em meados de 2014, a operação oficial da KTM no Brasil começou para valer mesmo neste ano. No início de 2015, as motos de enduro chegaram às concessionárias laranjas. Logo em seguida, vieram a aventureira 1190 Adventure e a big naked 1290 Super Duke R. Mas as pequenas Duke – 200 e 390 – chegaram no meio do ano agitando o segmento de compactas premium.
Cena custom – Em todo o mundo a onda de customização tem feito muito sucesso – tanto a ponto de atrair a atenção dos próprios fabricantes. E no Brasil, a moda começa a ganhar força. Concessionárias já vendem modelos “zero km” customizados, marcas, como a Triumph, realizaram concursos com suas motos no Salão Duas Rodas, e já há points para os fãs dessa cena custom, como a Shibuya Garage, Johnny Wash e a Caverna em São Paulo, além de outros espalhados pelo Brasil.
Indian quer fazer barulho – Acreditando no mercado premium, a marca americana estabeleceu sua linha de montagem em Manaus (AM) em parceria com a Dafra Motos. E mostrou cinco novos modelos no Salão Duas Rodas, três dos quais já estão à venda nas quatro concessionárias inauguradas até dezembro. “As Indian são motos com excelente ciclística, alto nível de tecnologia e acabamento, além de muito conforto. Não viemos para brincar. Estamos tratando o mercado brasileiro com muita seriedade e respeito.”, analisa Rodrigo Lourenço, diretor geral da Polaris do Brasil, empresa que detém a marca Indian.
Harley-Davidson foca na customização – Com o objetivo de atrair um público mais jovem e cool, a Harley renovou sua linha dark custom para 2016. A Iron 883 e a Forty-Eight ganharam novas e melhores suspensões, além de um visual de moto customizada de fábrica. O objetivo é “renovar” sua base de clientes no Brasil – e em todo o mundo. Além disso, as motos da família Softail ganharão no início de 2016 motores mais modernos, o Twin Cam 103, com 1.700cc.
Ducati foca em modelos de “entrada” - Também atingida pela crise e pela variação cambial, a Ducati tem trazido seus principais lançamentos mundiais ao País, porém ainda com a morosidade característica da empresa italiana. Primeiro veio a Monster 821 em julho, com motor refrigerado a ar e mais tecnologia, porém com um preço superior à concorrência. Já a Scrambler Icon mereceu até um espaço exclusivo em uma prévia do Salão Duas Rodas, campanha de marketing, mas só chegou às lojas mesmo no final de novembro e por R$ 36.900. A marca já prometeu as outras versões da Scrambler – só não se sabe quando e nem por quanto. Mesma situação de modelos como a Multistrada 1200 DVT e a Panigale 1299 que também virão ao Brasil em 2016.
Kawasaki trouxe diversos lançamentos – Com um grande evento no início de 2015, a fábrica japonesa anunciou praticamente todos os lançamentos para o ano: da pequena Z300, Vulcan S, a linha Versys renovada e a impressionante Ninja H2. A Z300 veio para brigar no tal segmento de compactas premium, já a linha Versys é mais uma opção no segmento de aventureiras esportivas, enquanto a Ninja H2 é o sonho em duas rodas: motor com compressor, mais de 200 cv e o preço e R$ 120.000 (sem frete!). Tímida em algumas áreas de marketing, a Kawasaki ousou no Salão Duas Rodas 2015: fez o lançamento mundial da Nova Ninja ZX-10R na feira, poucas horas após o evento em Barcelona.
A novela das “cinquentinhas” – Desde que entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro, em 1998, já previa que cada município legislasse sobre as motonetas e as cinquentinhas: os veículos até 50cc. Como ninguém fez nada até a coisa criar um problema de segurança e de saúde pública, outra lei federal (13.154/2015) incumbiu o Departamento de Trânsito (Detran) de cada Estado providenciar o registro e o licenciamento desses veículos. Além disso, tornava obrigatório a CNH para conduzir esses veículos. Aí, resolveram brigar: uma juíza deu uma liminar contra a lei federal, outra derrubou e a novela continua. Por ora o que vale é isso: cinquentinha precisa de placa e CNH categoria “A”, como as motocicletas.