As motos clássicas e o estilo vintage ganham cada vez mais admiradores. Prova disso foi o número de adesões na segunda edição do PNT-TT (Pé na Tábua – Tira Teima de Motos Históricas), que aconteceu no começo de novembro em Barra Bonita, cidade que fica a cerca de 300 quilômetros de São Paulo. Lá colecionadores, restauradores, preparadores e entusiastas trocaram experiências e mostraram seus tesouros: quase 170 clássicas, entre motos, Vespas, Lambrettas etc.
As raridades de duas rodas foram divididas em grupos. O primeiro reuniu no pavilhão de exposições modelos históricos com mais de 30 anos de fabricação. Já no kartódromo, dezenas de motos clássicas, que apesar da idade, ainda têm apetite para acelerar, gastar gasolina e queimar borracha.
Uma das propostas do Pé na Tábua é que a moto não fique apenas exposta, mas possa rodar com segurança em uma pista e que o piloto tenha a chance de mostrar seu talento. Para isso existem as provas de velocidade, onde as motos de cada categoria alinham no grid. Vence que chegar primeiro.
Também há provas de regularidade, chamadas de Turismo, na qual um tempo de volta é pré-definido pela organização e, assim, os participantes têm que cumprir a volta dentro do período estipulado. Cada segundo adiantado, o piloto perde dois pontos e, para cada segundo atrasado, um ponto. Vence quem perder menos pontos.
Várias categorias
A competição entre as clássicas é um dos principais motivadores do colecionador Renato Aragão, que veio do Rio de Janeiro e trouxe oito motos. Mesmo competindo em quase todas as categorias, não faltou energia ao piloto, que elegeu a sua categoria preferida: a Pós-Vintage (para motos fabricadas entre 1940 e 1952 e cima de 350cc), na qual Aragão competiu com uma JS 500cc. “O mais importante não é vencer, mas sim o clima de amizade e camaradagem que reina no evento”, afirmou. Como forma de generosidade e retribuição aos bons momentos dentro e fora da pista, Renato Aragão montou uma completa oficina mecânica dentro do pavilhão e a deixou à disposição de todos os expositores e competidores.
Já Vinicius Caires, que começou colecionando bicicletas e maquinários, hoje tem 17 motos antigas em 15 anos de “garimpagem”. Neste evento, Caires correu com uma belíssima Java 250cc de 1954, com acessórios de época.
Todos os modelos
Havia muitas raridades expostas, entre elas uma Harley-Davidson fabricada em 1925, vinda de Pirenópolis (GO) e que faz parte do acervo do Museu Rodas do Tempo. Não menos especial é a Triton Cafe Racer, exemplar raro que une estrutura da Norton e o coração da Triumph Bonneville, ambas as marcas são inglesas. O que ela tem de tão especial? O modelo é a representante lendária “contracultura”, onde pilotos, chamados de “Rockers”, uniam o que era de melhor de cada modelo em uma moto para corridas de rua, ou melhor, de um café até o outro em Londres – dando origem ao termo Cafe Racer.
A grande diversidade de marcas e ano de fabricação atraem os entusiastas para o evento. Exemplares como a Yamaha TZ 350cc que competia nos anos de 1970 ou uma Honda CG 125 da extinta Formula Honda, dos anos 1980, ganhavam olhares saudosos.
A Honda Juno M85, de 1962, também era um veículo que prendia atenção do visitante. Ela usava motor boxer (cilindros opostos) e foi a precursora do uso de fibra de vidro nos modelos da fábrica. Apesar das inovações e requinte, a Juno foi um grande fracasso de vendas. Os motivos: era caro, o motor superaquecia e o excesso de peso a tornavam um scooter difícil de pilotar. Foram fabricadas apenas 5.980 unidades.
Democrático
Democrático, o evento também recebeu motos dos anos de 1980 (acima de 30 anos de fabricação). Tais modelos mostraram que é possível começar uma coleção sem investir muito dinheiro. A única regra é que as motos estejam em ótimas condições e sem adaptações.
Além das motos, o Pé na Tábua – Tira Teima de Motos Históricas oferece espaço para a montagem de estandes, nos quais era possível comprar pôsteres, bandeiras e peças de motos clássicas. Roupas, acessórios e até um salão de barbeiro estavam à disposição dos visitantes.
Segundo Tiago Songa, um dos organizadores do evento, o PNT-TT recebeu pessoas que gostam de compartilhar experiências e, é claro, falar com saudosismo de suas máquinas. “Fico feliz ao saber que as esposas dos aficionados também gostaram do evento. Podemos dizer que, pela reação do público, os objetivos foram cumpridos”, analisa Songa.