A Kawasaki não quer ouvir falar em crise. “Quando chegamos, em 2008 o Brasil também se encontrava em um período de crise, como agora. Mas, não falaremos mais disso. Vamos conhecer em avant-premiére os modelos 2016 que estarão nas concessionárias ainda neste semestre”. Foi assim que Ricardo Suzuki, consultor de Marketing da Kawasaki, apresentou os seis novos modelos que a marca traz ao País, em evento realizado na última segunda-feira (30/3) em São Paulo (SP).
Entre estreias e reformulações, as novidades preenchem lacunas desde a baixa cilindrada até o exclusivo segmento premium. Debutam no País, portanto, a exclusiva Ninja H2, a aguardada naked Z300 e a custom Vulcan S. Todas já disponíveis nos mercados europeu e norte-americano. Já as reformulações ficam por conta da família Versys, que chega ao país nas versões de 650 e 1000 cc; e da pequena off-road KLX 110, que passa a ser produzida na planta da Kawasaki em Manaus (AM). Confira a seguir todas as atualizações da marca verde no Brasil.
Ninja H2
A grande estrela do evento, realizado no Centro de Cultura Judaica em São Paulo (SP), foi a superesportiva que atraiu as atenções do universo das duas rodas: a Ninja H2. E para explicar os conceitos que nortearam o desenvolvimento da superbike, que traz um motor de 1.000 cc sobrealimentado com um compressor, ninguém melhor do que o líder do projeto, Satoaki Ichi. “Nós falamos com diversos pilotos e todos eles disseram sentir a falta da sensação de aceleração extrema nas motos atuais. Então, fizemos a Ninja H2 e a H2R para atender a essa expectativa” explicou o executivo.
Desenhada pelo departamento aeroespacial da Kawasaki, a superbike chama a atenção pelas linhas dinâmicas e pelo farol, formado por um único canhão de luz central. Na pintura, um tom espelhado que oscila entre prateado e preto conforme a luz, outro segredo: “utilizamos uma fina camada de prata de verdade na pintura”, revela Ichi.
Compressor centrífugo
Entretanto, cada detalhe da moto, desde as “asas” que seguram os espelhos retrovisores até o quadro treliçado feito em aço, foi planejado tendo em mente uma particularidade da H2: o motor de quatro cilindros em linha de 998 cm³ com compressor centrífugo (supercharger). Além de atender a necessidade de aceleração mencionada por Satoaki Ichi, o item é leve e compacto. “Existe um atraso quando se usa um motor com turbocompressor, um 'lag'. Com o supercharger, esse atraso não existe”, comenta o líder de projeto.
Falando em termos de potência, a H2 supera a ZX-10R, uma vez que seus 210 cv – já com a atuação do sistema de indução de ar – são obtidos mais cedo, a 11.000 rpm. Já o torque máximo é de 13,6 kgf.m a 10.500 giros. Quando as curvas de potência e torque das duas superesportivas de um litro são comparadas, a H2 se destaca ainda mais, revelando a aceleração mencionada pelo líder do projeto.
“Além da atenção à potência, fizemos com que o torque fosse entregue de forma mais suave linear em baixos giros”, ressalta Ichi, reiterando que fazer uma moto relativamente fácil de pilotar também era parte importante na concepção da H2.
Tecnologia e ergonomia
Segurar a potência da Ninja H2 é tarefa para os dois discos dianteiros de 330 mm mordidos por pinças Brembo de quatro pistões e fixação radial. Na traseira, outra pinça de pistão duplo da grife italiana aperta um disco com 250 mm de diâmetro. O trabalho é facilitado pelos freios ABS de série.
Eletrônica, aliás, não falta na superbike. Controle de tração com até nove opções de regulagem (KTRC), controle de largada, para prevenir empinadas e derrapagem (KLCM), e câmbio quickshift para subir marchas sem acionar a embreagem (KQS) estão presentes. E eles ainda são auxiliados por um controle que atenua o funcionamento do freio motor (KEBC) e por um amortecedor eletrônico de direção, desenvolvido em parceria com a Öhlins, para garantir estabilidade e altas velocidades.
No quesito ergonomia, outra novidade em relação às superbikes convencionais. A posição de pilotagem da nova H2 foi pensada também para circuitos. Mas, segundo a Kawasaki, é mais relaxada do que na ZX-10R, embora o piloto permaneça debruçado sobre o tanque de 17 litros. Um dos fatores que contribui para isso está no assento, que além do apoio lombar, recebe o auxílio de dois suportes laterais acolchoados, que ajudam a acomodar o condutor. Os apoios nos flancos, aliás, podem ser ajustados em 15 mm para receber condutores de diferentes estaturas. A altura do assento é de 825 mm.
Exclusividade premium
A Ninja H2 chega ao Brasil com a promessa de ser o modelo mais exclusivo da Kawasaki. Inicialmente, a marca irá importar do Japão apenas 28 unidades que serão vendidas por R$ 120.000 cada uma, mais despesas de frete e seguro. “Esse número, 28 unidades, é a quantidade necessária para fechar um container”, explica o consultor de Marketing da Kawasaki, Ricardo Suzuki. Segundo ele, a vinda de outro lote dependerá do desempenho deste nas concessionárias. As reservas já podem ser feitas e a previsão de entrega dos modelos é para julho deste ano.
Versys 650
A crossover de média cilindrada da marca verde foi outra novidade anunciada no evento. Com visual mais moderno, a moto aproveita a potência extra no motor bicilíndrico e o tanque de maior capacidade para focar não só nos territórios urbanos, mas também nas viagens mais longas por estradas de asfalto. Com a reestilização, a Versys 650 recebeu carenagem e conjunto óptico semelhantes aos da Ninja 650, com quem divide o motor de dois cilindros paralelos, aliás.
O para-brisa estreito também deu lugar a outra peça, mais larga e com regulagem de altura manual, sem a necessidade de ferramentas. Grandes aletas laterais também foram colocadas para proteger o radiador e diminuir turbulências, principalmente em rodovias.
Por dentro, outra novidade: o motor de dois cilindros paralelos de 649 cm³ recebeu cinco cavalos a mais, chegando a 69 cv a 7.000 rpm. O torque também aumentou para 6,5 kgf.m a 7.000 rpm e o tanque está com capacidade maior: 21 litros. Já os freios mantiveram os discos duplos com 300 mm de diâmetro e mordidos por pinças de dois pistões na dianteira, enquanto a roda traseira recebeu um disco maior, com 250 mm de diâmetro e pinça de um pistão.
A Versys 650 continua sendo vendida aqui nas versões standard e com freios ABS. Disponível já em abril, os preços sugeridos – sem frete e seguro – da crossover são de R$ 32.990 e R$ 35.990, respectivamente. Ambas as opções estarão disponíveis nas cores verde e preta.
Versys 1000
Da mesma forma que acontecia com a geração anterior, a Versys 1000 partilha o design do modelo de 650 cc. Nesse caso, a inspiração para reformular a moto foi a mesma: deixá-la mais confortável e convidativa para viajar pelo asfalto.
Logo, o conjunto óptico duplo, a nova carenagem com maior proteção aerodinâmica e o para-brisa ajustável sem a necessidade de chaves também estão presentes. Protetores de mão e cavalete central, outros itens que ajudam o piloto a enfrentar grandes distâncias foram incorporados na crossover de um litro para deixá-la ainda mais confortável.
A arquitetura de quatro cilindros em linha foi mantida. Entretanto, o propulsor de 1.043 cm³ está mais potente e agora produz 120 cv a 9.000 rpm. O torque ainda é de 10,4 kgf.m, mas chega antes, aos 7.500 giros. Já o câmbio de seis velocidades passa a contar com o auxílio de uma embreagem deslizante, presente nas superbikes da marca verde.
O aumento na potência também resultou em discos de freio com diâmetro maior: 310 mm nos dois dianteiros e 250 atrás. Na Versys 1000 o ABS é de série. Com todas as novidades, a Versys 1000 “engordou” dez quilos, pesando agora 250 kg em ordem de marcha.
Eletrônica embarcada
Os itens eletrônicos da geração anterior da Versys 1000 continuam presentes. Portanto, o modelo repaginado continua com dois modos de entrega de potência – Full e Low – e controle de tração com até três níveis de ajuste. O modelo standard da crossover chega às revendas em abril pelo preço sugerido de R$ 53.990 sem as despesas de frete e seguro. As cores para o modelo são laranja metálica e preto. A Kawasaki também confirmou a chegada da versão Gran Tourer, que traz malas laterais rígidas, top case e faróis de neblina, mas não informou preço ou data de disponibilidade.
Z300
Quando subiu ao palco, a pequena naked Z300 causou furor entre os presentes. Com visual agressivo herdado da Z800 – até em pequenos detalhes, como as pequenas letras “Z” gravadas no assento –, a moto tem tudo para ser o grande trunfo de baixa capacidade cúbica da Kawasaki no Brasil.
Se por fora a inspiração visual foi a naked de alta cilindrada, por dentro a moto reproduz as características mecânicas de outro projeto acertado da marca japonesa: a Ninja 300. E, por isso, leia-se o quadro tipo diamond feito em aço e, principalmente, o motor de dois cilindros paralelos de 296 cm³. Números de potência e torque também são os mesmos da pequena esportiva 39 cv a 11.000 rpm e 2,8 kgf.m de torque a 10.000 giros.
O preço – ainda não confirmado pela Kawasaki – também não deve ficar muito distante da Ninja 300. “O preço não deve ficar muito abaixo. Por mais que a carenagem seja diferente, os processos produtivos são os mesmos da Ninja 300”, comentou Ricardo Suzuki. Nós apostamos, portanto, em algo entre R$ 17.000 e 19.000 para as versões Standard e com freios ABS, respectivamente. No Brasil, os preços da Ninja 300 são de R$ 18.990 e R$ 21.990. A Z300 chega em julho nas opções verde, cinza e laranja para o modelo Standard, enquanto a moto com ABS será vendida apenas na cor verde.
Vulcan S
Já lançada na Europa e nos Estados Unidos, a Vulcan S também foi confirmada para o Brasil. No visual, a nova custom traz muitos painéis pintados em preto fosco que contrastam com outros em acabamento metálico, localizados no início da balança traseira e nos cabeçotes do motor. Esse encontro de tons ajuda a conferir um visual atual e jovem, público, aliás, que a Kawasaki busca atingir com o modelo de média cilindrada.
A moto ainda traz características de outras motos da família de 650cc. Entre elas, a mola horizontal aparente da suspensão traseira e o painel de instrumentos, que equipam a esportiva Ninja 650 e a naked ER-6n.
O motor também é o mesmo da família 650, ou seja: um bicilíndrico paralelo de 649 cm³ com arrefecimento líquido. De acordo com a Kawasaki, ele foi regulado para oferecer uma entrega de potência amigável, o que é um atrativo para pilotos menos experientes, que demandam aceleração mais suave. Em números, o desempenho é de 61 cv de potência máxima a 7.500 rpm, enquanto o torque máximo é de 6,4 kgf.m disponíveis nos 6.600 giros. O câmbio é de seis velocidades.
Ciclística acessível
O público feminino também deve ficar bastante satisfeito com o lançamento. Tanto é que quem levou a moto ao palco foi a piloto de motovelocidade Sabrina Paiuta. Acessível, a Vulcan S tem assento a 705 mm do chão. Para oferecer confiança a pilotos, as pedaleiras podem ser reguladas em três posições, o que deve facilitar a vida de quem não se sente à vontade em guiar com as pernas esticadas e os pés lá na frente.
A custom é montada sobre um quadro perimetral de aço e conta com freios a disco em ambas as rodas, sendo que na dianteira, de 18’’, a peça tem 300 mm de diâmetro e é mordido por pinça de pistão duplo. Já na roda traseira de 17’’, uma pinça de um pistão morde o disco de 250 mm de diâmetro. A moto chega em junho nas cores preto e branco perolado para a versão Standard e roxo metálico para o modelo equipado com sistema de freios ABS. Os preços não foram revelados, mas devem ficar na casa dos R$ 30.000.
KLX 110
Finalizando o lançamento do line-up 2016, a Kawasaki revelou a KLX 110. Modelo de entrada entre as off-road da casa de Akashi, a moto chega nacionalizada e com foco no público infantil pelo preço sugerido de R$ 7.990 e estará disponível em maio.
Equipada com motor monocilíndrico quatro tempos de 112 cm³ de comando único no cabeçote (SOHC), a pequena off-road chega aos 7,3 cv de potência máxima a 7.500 rpm. Já o torque máximo é de 0,82 kgf.m obtido a 4.000 giros. Leve, a KLX 110 pesa apenas 76 kg em ordem de marcha e traz câmbio rotativo de quatro marchas com embreagem centrífuga.