Populares no Brasil, os enduros de regularidade atraem amantes do motociclismo off-road de várias partes do País. A maior e mais tradicional prova da modalidade, o Enduro da Independência, já existe há 32 anos. Neste ano, mais de 400 pilotos percorreram 790 km entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Mas quanto custa participar de uma prova assim?
Para começar, é preciso uma motocicleta off-road preparada para a modalidade. Podem ser tanto as motos chamadas de “especiais” (importadas como KTM, Sherco e Beta) ou também as nacionais, como Honda CRF 230F e Yamaha TTR 230. Sem contar com os gastos com a compra da moto, que variam de R$ 10 a R$ 50 mil (0 km) dependendo do modelo escolhido, é muito importante que o piloto tenha todos os equipamentos de segurança.
Ou seja, antes de pensar em competir, deve-se ter o conjunto completo: joelheiras, cotoveleiras, colete, luvas, óculos off-road e, os fundamentais, botas off-road, neck-brace (protetor de pescoço) e um bom capacete. Em uma competição cujas etapas têm duração média de 7 horas por dia, é fácil perder para o cansaço e sofrer um acidente. Nessas horas, bons equipamentos de segurança vão garantir que você possa continuar a prova e, acima de tudo, não se machucar (ou minimizar as consequências). Em média, um conjunto completo de boa qualidade sai em torno de R$ 4.000, sendo a bota, o capacete e o neck-brace os itens mais caros da conta.
Adquirindo o necessário
Além da segurança, o competidor precisa comprar os equipamentos para navegação, chamados de road book (onde se encaixa a planilha) e Totem (uma espécie de computador de bordo). Já instalados, ambos custam pouco mais de R$ 2.000 e servem para todos os enduros de regularidade. Após ter tudo isso, o piloto pode, então, se inscrever em uma prova. Segundo Gustavo Jacob, o presidente do TCMG (Trail Clube Minas Gerais), que organiza o Enduro da Independência, as inscrições começam em R$ 400. E ficam mais caras ao decorrer do tempo, conforme vai se aproximando a data do evento, chegando a R$ 1.000.
Indispensável para a prova é, também, a locação do GPS junto aos organizadores, por R$ 150 para os quatro dias de competição. É esse equipamento que irá aferir os resultados de todos os pilotos no decorrer das etapas. Portanto, sem ele, não há resultado final.
Com a mão no bolso
Tirando os custos com os equipamentos necessários e a inscrição, os competidores ainda têm mais gastos, como hospedagem, equipe de apoio e alimentação. Existem diversas maneiras de disputar o Enduro da Independência. O experiente piloto Hugo Morato, 53 anos, campeão da categoria Over 50 deste ano, já sabe qual é o melhor “esquema” para encarar o Independência. “Depois de 30 anos competindo nesse grande enduro, aprendi a melhor maneira de vir, competir e ainda por cima me divertir bastante”, confessou o belorizontino.
Segundo ele, depois de sofrer anos sem apoio e gastar as poucas economias que tinha, com a experiência adquirida durante as três décadas disputando a prova, agora não gasta mais de R$ 1.000 para participar. Como? Ele e mais alguns amigos, cerca de 10, alugam um motor-home e dividem os gastos com mecânico e cozinheiro, incluindo alimentação e combustível. Além de economizar, Morato ainda afirma que dessa maneira é mais divertido competir. “O Enduro da Independência é muito mais que uma competição. É um lugar para confraternizar, conhecer novas trilhas e fazer novos amigos. Por que acima de tudo, nós, 'treieiros' estamos no mesmo barco e queremos nos divertir. Claro que vencer é o objetivo final, mas sem amigos e diversão, a competição não teria a mesma graça”, completou o campeão.
No outro extremo, o estreante Thyago Rocha, de Niterói (RJ), foi com seu próprio carro carregando a sua moto e de seu amigo (ambos da categoria Novatos) na caçamba e eles mesmos faziam o papel de mecânico. Ficou hospedado em hotéis ou pousadas nas cidades em que a prova passou e por isso seu gasto foi um pouco maior. “Como foi minha primeira vez no Enduro da Independência, ainda não conhecia os macetes e vim com um amigo. Gastamos com tudo. Desde alimentação e hospedagem até o combustível (das motos e do carro). No total, desembolsamos cerca de R$ 3.000 cada um”, afirmou. “Mas no fim, valeu muito a pena. Cheguei na terceira colocação na minha categoria logo na estreia no Enduro da Independência, apenas seis meses depois de ter começado a 'planilhar'. Com certeza voltarei, dessa vez gastando menos”, finalizou Rocha.
O que é o Enduro da Independência?
O Enduro da Independência é o maior enduro de regularidade do mundo. Para quem não conhece, a prova é realizada há 32 anos, tem duração de quatro dias e termina sempre no feriado da Independência, dia 7 de setembro. O enduro de regularidade é uma modalidade de motociclismo off-road criada no Brasil e consiste em uma prova cujo vencedor é aquele que consegue percorrer o trajeto determinado, utilizando uma planilha, e chegar ao destino o mais próximo possível (ou cravado) do tempo ideal, estipulado pela organização, respeitando velocidade média e referências.
O roteiro escolhido, assim como em 2013, foi o da Rota Imperial. No entanto, em 2014 foi feito o caminho contrário, saindo de Mariana (MG) com destino a Vitória (ES). O trajeto, cujo nome completo é Rota Imperial São Pedro D’Alcântara, foi concluído em 1816 e era utilizado por Dom Pedro II, então imperador do Brasil, para transportar riquezas e mantimentos entre o Espírito Santo e Minas Gerais. A Rota Imperial tem 575 km de extensão e passa por 14 municípios capixabas e 17 mineiros.