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Novo Kia Soul ganha alma mais cara

05/09/2014 - 15:32 - Automotive Business - Foto: Divulgação Kia

É sempre difícil inovar a aparência de automóveis inovadores, que se consagram justamente por causa de sua diferenciação em relação aos demais. É o caso do Kia Soul, projetado no estúdio de design da fabricante coreana na Califórnia, Estados Unidos, e lançado globalmente em 2009. Após o sucesso do visual descolado, que transmite certo despojamento chique, a Kia entendeu que era hora de mudar, mas sem mexer demais nas formas que tanto o diferenciam. Por fora, a terceira geração do modelo mudou pouco, mas cresceu alguns centímetros para todos os lados e ganhou suaves reestilizações. As maiores mudanças, como sugere o próprio nome, foram aplicadas à alma do carro, que ganhou mais equipamentos, nova plataforma (ainda que com o mesmo motor e câmbio) e interior totalmente remodelado, mais luxuoso. A ideia foi manter o desenho e subir de nível – e com isso o preço também foi às alturas. 

Vendido no Brasil em versão única, o novo Soul custa R$ 88,9 mil, ou R$ 92,9 mil com teto solar panorâmico. De acordo com pesquisa do Datafolha, o preço praticado do Soul antigo era de R$ 67,9 mil, mas provavelmente só para queimar o estoque restante. Segundo o importador oficial, o valor do carro estava fixado em R$ 70,9 mil desde dezembro de 2012. O aumento em torno de 25% teria se dado pela inclusão de mais equipamentos na versão atual, mas teria sido de 10% a 12% caso todos os reajustes tivessem sido feitos em função de elevação de impostos e valorização do dólar diante do real. 

“Não trazíamos as versões melhor equipadas do Soul porque queríamos ter um produto mais barato, mas essa estratégia afundou quando foram aplicados os 30 pontos extras de IPI aos carros importados. Mesmo assim, seguramos ao máximo os preços. Agora, com a mudança de geração, decidimos reposicionar o modelo em um nível mais alto”, explica José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors Brasil. “Temos de considerar também que a nova versão tem cerca de R$ 10 mil a mais em equipamentos. Somado a isso, se tivéssemos aplicado todos os reajustes desde a virada de 2012 para 2013, com alta do IPI e do dólar que foi de R$ 2 para R$ 2,25, essa diferença de preço não é tão grande assim, pois o Soul antigo iria custar cerca de R$ 79 mil”, acrescenta.

Reposicionamento

“O Soul não é um carro barato, mas é completo, o nível cresceu, só atualizamos o preço”, admite Gandini. “Com o modelo anterior não atingiríamos o público que queremos atingir. Assim os concorrentes também mudaram”, destaca, decretando que a partir de agora o Soul compete no seleto segmento de carros premium de entrada, a saber: Mini One, Mercedes-Benz Classe A, Audi A1 e Peugeot 3008. 

Para conquistar esse público sofisticado, a estratégia da Kia no Brasil será dizer que o Soul está mais sofisticado, oferece pacote mais amplo de equipamentos e custa menos do que a maioria desses concorrentes. Isso já aconteceu antes, por exemplo, com a Mini, quando a BMW comprou a marca e remodelou totalmente o carrinho no início dos anos 2000. A diferença aqui é que o Mini já era um ícone Cult da indústria, enquanto a Kia vai bem, mas ainda não chegou a esse ponto. 

Embora vá encontrar competidores de peso no nicho onde quer concorrer, também é verdade que há mais fregueses nessa faixa com preços de R$ 85 mil a R$ 110 mil, que praticamente dobrou de tamanho desde 2010, quando representava 3,7% do mercado total e agora chega a 6,2%, segundo números apurados pela Kia. “Vemos espaço para disputar esse público, formado essencialmente por pessoas da classe média alta, entre 30 e 45 anos de idade, formada principalmente por profissionais liberais e jovens executivos”, avalia Ari Jorge, diretor de vendas da Kia Motors Brasil. A expectativa de vendas para o novo Soul é de 100 unidades/mês, ou 1,2 mil/ano. “Isso se nada de muito diferente acontecer”, pondera Gandini.

Pacote completo

Por fora, o novo Soul mudou sem perder a essência básica de seu design. Na dianteira foi alterado o desenho da grade frontal, conferindo visual mais robusto; a traseira agora tem uma moldura preta contornando o vidro que realça as formas arredondadas; nas laterais a linha de cintura ficou mais alta e perdeu o vinco central. O carro cresceu 20 mm no comprimento e 15 mm na largura, baixou 10 mm na altura e o entre-eixos foi alongado em 20 mm, garantindo bom conforto para todos os ocupantes. Nas versões sem o teto solar duplo panorâmico, o teto é pintado com cor diferente – para o Brasil são trazidas opções azul/branco, branco/vermelho e vanila/preto. As rodas de liga leve são sempre aro 18 polegadas.

As maiores mudanças são percebidas no interior do novo Soul. O painel é totalmente novo, com acabamento emborrachado de boa qualidade e algumas molduras em plástico liso “Black piano”. Os bancos são de couro, assim como os revestimentos do volante e alavanca do câmbio. O volante agrega funções de controle do sistema de áudio, piloto automático, computador de bordo (que inacreditavelmente não tem medição instantânea de consumo de combustível) e o grau de rigidez da direção elétrica (conforto, normal e esportiva).

O carro vem com amplo pacote de equipamentos, incluindo direção com assistência elétrica, ar-condicionado digital, sensor de estacionamento traseiro com câmera de ré, piloto automático, sistema “keyless” de destravamento de portas por aproximação e partida com toque de um botão no console, e até vidros com película de proteção contra raios solares ultravioleta. Também está incluída a central multimídia com tela sensível ao toque de 4,3 polegadas que agrega conexão com celular Bluetooth e sistema de som com disco interno para gravar músicas, mas não tem navegador por GPS. O único opcional do Soul é o teto solar duplo panorânico, que acrescenta R$ 4 mil ao preço.

Nada mudou embaixo do capô. Continua lá o motor flex 1.6 de quatro cilindros e 122/128 cavalos (gasolina/etanol). O novo Soul só está disponível com câmbio é automático de seis velocidades. O desempenho na estrada é adequado, mas sem nenhuma esportividade – as retomadas de aceleração são um tanto quanto lentas. Com isso o novo Soul é o menos potente dos concorrentes que quer enfrentar – faz falta um turbocompressor, assim como o ESC.

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