O Banco Central anunciou na sexta-feira, 25, medidas para melhorar a distribuição de liquidez (recursos disponíveis) na economia. Foram alteradas normas de recolhimentos compulsórios – dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC, sobre recursos a prazo e à vista. O impacto da medida é estimado em R$ 30 bilhões que poderão ser destinados a diversas operações de crédito.
Entre as mudanças nas regras, está a que amplia o número de bancos que poderão lançar mão de parte (até 20%) de seus recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista para empréstimos e financiamentos que sejam enquadráveis no Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Para isso, o BC reduziu de R$ 6 bilhões para R$ 3 bilhões o valor do Patrimônio de Referência Nível 1 das instituições. A medida tem impacto projetado em cerca de R$ 200 milhões. Atualmente, os bancos têm R$ 15 bilhões aplicados no PSI, que inclui financiamentos de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas.
Segundo o BC, para adotar as medidas foi considerada a evolução dos recolhimentos compulsórios nos últimos anos, que passou de R$ 194 bilhões ao fim de 2009 para cerca de R$ 405 bilhões atualmente. O banco também cita a recente moderação na concessão do crédito, a inadimplência em patamares relativamente baixos e o recuo do nível de risco no sistema financeiro nacional.
Para o chefe do departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central, Sérgio Odilon dos Anjos, o impacto potencial de liberação de recursos com essa medida é de R$ 10 bilhões, mas cada banco vai decidir se usa esses recursos liberados para oferecer novos empréstimos aos clientes, por exemplo. “É preciso aguardar o comportamento da demanda e dos bancos”, disse.
“Claro que medidas para liberar mais crédito sempre ajudam, mas não é possível saber quanto. Além de ter mais recursos, os bancos precisam querer emprestar mais e os consumidores precisam estar confiantes para tomar crédito”, comentou Rogelio Golfarb, vice-presidente de relações institucionais da Ford América do Sul.
Outra medida anunciada no pacote é para estimular a compra de carteira de pequenos bancos por instituições maiores. Para isso, o BC decidiu deixar sem remuneração 50% dos depósitos compulsórios a prazo. Se o banco não quiser ficar sem a remuneração, poderá usar esses recursos para comprar carteiras de crédito de outras instituições financeiras e oferecer empréstimos para compra de carros e motos a clientes.
A quantidade de bancos que poderão vender as carteiras de crédito foi ampliada de 58 para 134. Segundo o BC, instituições com Patrimônio de Referência Nível 1, na posição de dezembro de 2013, inferior a R$ 3,5 bilhões poderão vender as carteiras, sem restrições.