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De geração em geração, desaprenda os mitos da condução

08/04/2014 - 15:06 - Tarcisio Dias

Alguém disse, alguém falou, mas será que é verdade mesmo? A vida do motorista não é fácil e de geração em geração foram surgindo situações direcionadas para o “cuidado” com o veículo, que não passam simplesmente de mitos. O que parece uma boa ideia, iniciativa, pode na verdade acelerar o desgaste prematuro de algumas peças, encurtando a vida útil e mais diretamente, gerando mais custos na manutenção do seu veículo. Assim, resolvemos desvendar alguns mitos que acompanham os motoristas ao passar dos anos.

A primeira é ainda mais comum. Lá vai você como passageiro quando de repente o motorista coloca a mão no para-brisa para evitar que pequenas pedrinhas vindas de outros veículos na frente possam causar danos ao veículo. Nem a mão, nem os dedos e nem mesmo um calço entre o vidro e o retrovisor, por exemplo, irão surtir efeito positivo nesta situação.

O vidro tem inúmeros pequenos pontos fracos e quando atingido nestes pontos quebra mesmo. É por isso que as vezes o para-brisa recebe o impacto forte de um objeto pesado e nada acontece e, em outras situações, estilhaça com uma simples pedrinha. Quando há pedriscos na pista, o melhor conselho é diminuir a velocidade e manter boa distância das rodas traseiras de caminhões.

Na hora que encontrar uma lombada fixa pela frente, fique atento sobre a melhor maneira para superar literalmente esse obstáculo na pista. Nada de cruzar a lombada na diagonal. Amigo, você pode até proteger seu carro de um arranhão, mas estará detonando a suspensão e até mesmo a roda. Não se sabe de onde surgiu essa mania, mas a verdade é que ela desgasta de forma irregular a suspensão e os pneus e pode até mesmo comprometer a estrutura do veículo.

Você corre o risco de furar as coifas das juntas homocinéticas e de causar torções prejudiciais ao monobloco do veículo. Ou seja: por mais que existam obstáculos mal feitos por aí, a melhor solução continua sendo passar com o veículo direito por eles. Freie antes, cruze devagar e só retome a aceleração depois. A regra vale também para quem tem mania de jogar o carro para o canto da lombada para cruzá-la apenas com duas rodas, ok?

Você já deve ter notado que esses mitos podem resultar em gastos para seu bolso também. Mas todo mundo fala: antes de viajar, é sempre bom dar aquela passadinha no posto para calibrar os pneus. Só que tem gente que só lembra disso na véspera do feriadão, parece até compras para o churrasco. Não é bem assim.

Antes de viajar é claro que você deve calibrar os pneus do seu possante, mas deve continuar a fazer essa atitude para manter seu carro sempre em dia, semanalmente – o prazo máximo é a cada 15 dias. A pressão do ar é o fator que mais afeta o desempenho e a durabilidade dos pneus, que são um item bastante caro, vamos convir. Obedeça às medidas determinadas pelo fabricante do carro – ou, se trocar o jogo de pneus, consulte quem os produziu.

Se o pneu estiver com excesso de pressão, sua área de contato com o solo é deslocada para o centro da banda, deixando-o mais suscetível a cortes e impactos. Se estiver com pressão de menos, o desgaste é maior nos ombros do pneu, aumentando o consumo de combustível e o risco de superaquecimento, quebras e separação dos componentes.

Mais um detalhe: a calibragem deve ser feita com os pneus frios, pois a pressão altera com a temperatura. O ideal é esperar uma hora com o carro parado, quando possível. Se não, cuide para que o veículo não tenha rodado mais de três quilômetros, em velocidade baixa. Ah. E não esqueça de calibrar o estepe também. Mesmo lá paradinho, quietinho, ele também sofre a perda natural de pressão.

A cena é comum: você está subindo a ladeira e o sinal fecha bem na sua vez. Como segurá-lo para garantir a melhor saída, a mais segura? Bem, essa depende da sua experiência e habilidade como motorista. Se estiver inseguro, vá de freio de mão (ou freio de estacionamento), posicionando os pés na embreagem e no acelerador e soltando lentamente antes de baixar a alavanca.

Muita gente fala que segurar o carro na embreagem é prejudicial, mas se você tiver as manhas, não há problemas – desde que o veículo esteja totalmente parado, ou seja, que você só coloque o pé no acelerador quando for sair. É proibido ficar acelerando e segurando o carro (aquele movimento de vai-e-volta). Motor roncando significa queimar a embreagem.

Quem deve vencer a parada é o torque, a força do motor e o segredo está no momento certo de soltar a embreagem, seja qual for sua opção, para evitar desgastes ou mesmo o risco de queimar a embreagem.

Quanto mais vazio o tanque, mais fácil de os resíduos acumulados serem sugados para a injeção – mesmo com o filtro de combustível. Além de entupir os bicos injetores, você pode prejudicar o funcionamento do carburador e superaquecer a bomba, reduzindo sua vida útil. O certo é nunca deixar chegar a um quarto de tanque – há mesmo quem defenda um novo abastecimento sempre que o ponteiro chegar à indicação de meio tanque, para garantir. Aliás, um detalhe: parar no meio da via por falta de combustível é uma falta média, de acordo com o artigo 180 do Código Nacional de Trânsito, punível com multa.

Ao estacionar em uma ladeira, vire a direção e apoie os pneus na guia para o carro não sair do lugar. Outro costume prejudicial – por mais que algumas ladeiras deixem a gente nervoso só de pensar. Não precisa nem “beliscar” a guia, no jargão popular, nem deixar os pneus colados a elas. Essa mania causa a deformação das laterais dos pneus (que podem até mesmo se romper, com o tempo) e seu esvaziamento, além de afetar a caixa de direção e provocar o desalinhamento das rodas. O certo é deixar o carro engatado e se certificar de puxar bem o freio de mão (sem violência, porém).

Tarcisio Dias – Profissional e Técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânica com habilitação em Mecatrônica e Radialista, é gerente de conteúdo do Portal Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) e desenvolve a Coleção AutoMecânica.

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